Os gregos atribuíam o mesmo deus aos comerciantes e aos ladrões: Hermes. Aos sete dias de vida, o filho de Zeus e Maia roubou o rebanho de Apolo, que perdoou o irmãozinho pela ousadia ao ouvi-lo tocar uma flauta. O mito é uma narração antiga que serve para explicar coisas, seres e fenômenos reais, constituindo-se numa verdade porque se refere a uma realidade (segundo Mircea Eliade).
Por que um mesmo deus para os ladrões e os comerciantes? Será que nos primórdios de nossa civilização já havia comerciantes desonestos que se comparassem aos ladrões? Atualmente, a mentira e a corrupção fazem parte do caráter social, que ninguém mais se espanta com tais imoralidades.
Fui comprar pão num mercado neste domingo. Apanhei um pacote de fatiados, popular coop, cuja data de fabricação era do dia 07.06.09, hoje mesmo. Ao apalpá-lo, estranhei a firmeza do pão e perguntei à mulher da padaria uma explicação. A atendente justificou que o pão fora feito ontem, mas um problema no código de barra exigiu nova etiqueta. Mesmo desconfiado, levei o pão para casa, onde tive o trabalho de separar as etiquetas. Na etiqueta de baixo, a data de fabricação era 02.06.09 (terça-feira passada). O preço antigo (1,68) fora corrigido (1,71). Pão velho e sobe o preço?
Voltei ao supermercado para reclamar. A mulher da padaria foi obrigada a me ouvir. A gerente queria me devolver o dinheiro, uma vez que os pães fatiados estavam velhos. Resolvi trazer o pão de volta, como prova para este relato.
Vender pão velho, assegurando que foi feito ontem ou hoje, constitui uma prática no comércio em Santiago. Já fui ludibriado nesse sentido na Feira do Produtor (com pão caseiro) e noutras padarias de nossa Santiago.
Minha dúvida é se faço uma queixa ao Procon, ou se escrevo um poema em homenagem a Hermes.
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