"A poética moderna radica na tensão entre propostas teóricas e concomitante prática poética, no modo como a linguagem do poema organiza os elementos sonoros e imagéticos. A poesia modernista abandona a feição mágica e redentora, para se converter em arte lúdica, caracterizando-se pelo experimentalismo. Da estética da destruição futurista à escrita automática dos surrealistas, diminui a importância do verso como caráter de unidade do poema, e com ele as convenções rítmicas e rímicas, pela valorização da linguagem enquanto tema e objeto da própria arte. No rastro das invenções modernistas, o Formalismo Russo formula teorias da produção poética, privilegiando a autotelicidade do objeto literário, baseada no papel da novidade, da surpresa - o 'estranhamento'. Chklovski aborda a poesia como 'tornando estranha' a linguagem, pela estilização dos elementos. Para o formalista russo, a arte libera o objeto do automatismo perceptivo, transferindo-o para uma esfera de nova percepção, num procedimento de singularização. Obscurecendo a forma, sugere Chklovski, o artista aumenta a dificuldade e a duração da percepção."
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Trecho extraído do livro O fenômeno da produção poética, de Orlando Fonseca.
Um comentário:
Poesia é (des)construção em todos os aspectos: sintático, léxico...
Aprendi contigo amore...
Bjo
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