A destruição da estátua de Aureliano de F. Pinto (recém-inaugurada na Rua dos Poetas) não foi acidental. O ciclista bêbado não passa de um álibi, real ou imaginário, ou para descriminalizar o ato vandálico, ou para ridicularizá-lo ao extremo. Somando-se aos criminosos comuns, surge um novo tipo em nossa cidade: o manipulador (ou malfeitor?) de informações, inclusive com o auxílio dos meios digitais. Entre eles, há os que rejeitam publicamente o epíteto Terra dos Poetas para Santiago. Entre outros santiaguenses, saudosistas na aparência, há os que são visceralmente dominados pelo instinto de destruição (tânatos). Como não podem agir contra a vida de seus concidadãos, insurgem-se contra as obras realizadas por estes. O monumento ao poeta fora antes destruído diversas vezes. Fulano chegou a dizer que, quando fosse autoridade, mandaria arrancar o Aureliano da Rua dos Poetas. Sicrano quase enfartou porque queria outro autor ali homenageado. Beltrano defendeu que Aureliano não merecia tão pobre e mal-acabada homenagem. Fulanos, sicranos e beltranos difamam os poetas mortos e ridicularizam os vivos. A destruição anunciada demoraria alguns dias, no máximo dois meses para se consumar efetivamente. Era uma questão de tempo. Ninguém se manifestou a favor desse vandalismo, mas que o ato fez a felicidade daqueles que criticam o projeto de aculturação da Rua dos Poetas isso é inegável. Infelizmente, as criaturas humanas são metade anjo e metade demônio. Elas não podem mandar seus demônios embora, como escreveu um pensador existencialista: seus anjos iriam também. Em Santiago, a recíproca não parece verdadeira. Há demônios soltos por aí.
Um comentário:
Froilam, tenho o máximo de respeito por ti. Mas dá uma maneirada nas críticas ou, quando o fizer, cite o nome das pessoas que tu quer criticar. Essa coisa de dizer “tem gente que faz isso ou aquilo” é ruim, porque deixa tudo no ar e atinge todo mundo. Afinal, todos os blogueiros leem o blog uns dos outros.
Por exemplo, essa história de quem um ciclista bêbado atingiu a estátua eu soube dentro da Prefeitura, da boca do secretário Roger Ross. Ele é uma pessoa que tem moral e credibilidade e não iria mentir a respeito disso. Me repassou uma informação que recebeu e eu a publiquei no blog, portanto, se alguém está sendo considerado manipulador de informações em tua postagem, sou eu que cantei essa pedra. E, sinceramente, não foi essa a intenção quando eu publiquei a informação. Mas, sim, terminar com aquela espírito de que os vândalos estavam à solta, escandalizando tudo e todos e que o próximo alvo da marginália seria a santa da praça.
Sobre o epíteto de Terra dos Poetas, muita gente não gosta mesmo e essas pessoas devem ser respeitadas em sua opinião, como é o caso do amigo Alessandro Reiffer que, algumas vezes, escreveu sobre isso. Eu próprio já critiquei esse título anos atrás, quando não havia esforço algum para legitimá-lo. Agora, sim, há a Rua dos Poetas, há o projeto da Rosane. Mas a crítica ou elogio parte de cada um.
Também sugiro que tu diga o nome da pessoa que iria destruir a estátua do Aureliano, porque fica mal para todo mundo também. A gente fica se questionando “será esse”, “será aquele” e isso só cria constrangimentos. Acho que esse assunto da estátua rendeu todas as polêmicas que poderia (e não deveria) render. Ninguém foi a favor disso, acho que as pessoas lamentaram. E se houve uma meia dúzia que ficou satisfeita é normal. Afinal, uma sociedade se compõe de pessoas que criticam, outras se autocriticam e ainda há aquelas que se mantém apáticas. O contraditório, afinal, permite o confrontamento de ideias e aponta para outros caminhos.
Um forte abraço!
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