terça-feira, 24 de março de 2009

FILINTO CHARÃO

SURGE ET AMBULA

Um mês Dionéia faz que não te vejo,
Que te não ouço e tu de mim tão perto...
Que atroz martírio em tudo que planejo,
Para em ti ver se uma ilusão desperto.


Tento chegar, falar-te, espreito o ensejo;
Tarda, não vens, tudo é vazio e incerto...
Que desconsolo invade o meu desejo:
- Cantar amor a coração deserto...


Mulher, desperta, vem, te faz amada!
Essa beleza, morta e sem fulgores,
Carece de outra luz, outra alvorada.

Expande essa alma em flor, não desagrades
Quem te fará sentir, no peito amores,
No coração, do coração saudades!

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Esse soneto de Filinto Charão, homenageado na Rua dos Poetas, não foi incluído na antologia organizada pela Erilaine Perez, uma vez que chegou às suas mãos depois de concluído o trabalho. A inclusão de Surge et Ambula, certamente, traria mais incômodo a um poeta de nossa cidade.

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