terça-feira, 21 de outubro de 2008

O ANTA ANÔNIMO

Juremir Machado da Silva escreve em sua coluna do Correio do Povo de hoje: “Um colunista deve ter obsessões, inimigos, mesmo que eles não saibam disso, e implicâncias”. O escritor diz que Paulo Coelho se encontra entre suas “antas” prediletas. Assino o CP online, principalmente para ler Juremir, mas não o tenho como modelo. Em Crítica e Autocrítica, por exemplo, sempre polemizei em torno de idéias, evitando envolver pessoas. Isso se deve ao meu temperamento, ao caráter e à personalidade: não gosto de inimigos. Até esta semana, pelo menos. Ao ler a coluna do Juremir, tive um insight: um inimigo não me fará mal, pelo contrário, quem sabe ele não se constitua justamente naquilo que me falta para continuar motivado. Sem me dar conta, sou obscuro algumas vezes, outras vezes repetitivo, enfadonho até no uso deste gênero textual (artigo de opinião). Há leitores que pedem um pouco mais de combatividade, de ataque direto contra inimigos personalizados. A partir de hoje, escolho alguém para ser anta, saco de pancadas, alvo de execração ou coisa que o valha. Meu inimigo é o anônimo que comenta acerca da coluna do Expresso e das postagens mais ou menos polêmicas deste blog. Saio com uma grande desvantagem, com relação à proposta de Juremir Machado da Silva: não conheço meu inimigo (tenho suspeitas), ele me conhece. Não é um anônimo qualquer, uma vez que ridiculariza, avilta, bate e o escambau com uma admirável serenidade. Preciso aprender essa estratégia, ainda que lance mão dos manuais de blefador. Como pós-darwinista, penso que meu crítico anônimo descende de um abavô que apenas sobreviveu porque, sendo desafiado para um duelo, matou seu desafeto à traição. Seu gene da covardia conseguiu replicar de geração a geração até constituir o anta anônimo.
(A ser publicado na próxima edição do Expresso Ilustrado, com ligeiras alterações)

2 comentários:

Diego Neves disse...

Para confirmar, a apresentação da "EQ em Trio" fica para o sábado. É mais fácil.

Abraço!

Anônimo disse...

Não, Froilam, não estás em desvantagem! Teu adversário ou antagonista ou "inimigo" é um covarde anônimo que tem medo de identificar-se, de mostrar a cara. Tu tens a coragem de expor idéias. Ele se esconde. A vantagem é tua!

Um abraço,

Nivia