quinta-feira, 30 de outubro de 2008

FERMINO MACHADO DE OLIVEIRA

No dia 31 de outubro, o Rincão dos Machado vivia uma grande festa: o aniversário de Fermino Machado de Oliveira. Meu avô nascera em 1900, filho de João José Machado, neto de Zeferino Machado (que, no retorno da Guerra do Paraguai, acabou se estabelecendo em terras que constituiriam o 3º Distrito, Vila Florida). Fermino foi um dos homens que mais trabalhou nesta vida. Casou-se com Francelina Soares Franco, com quem teve sete filhos. Enviuvou e contraiu segundas núpcias com Dorilda Meireles Flores. Mais treze herdeiros. A grande família, com o acréscimo de netos e bisnetos, povoava o rincão na segunda metade do século findo. A festa de aniversário do meu avô se dividia em duas partes: comilança e dança. No último de outubro, carneava-se uma vaca gorda, avisava-se os parentes mais afastados, convidava-se os vizinhos. O Caetano Morozo não faltava – era o gaiteiro. Abraçado à velha Scala, marcava o ritmo batendo o pé no soalho da sala. Todos comiam, dançavam e eram felizes. O velho Fermino, sempre apolíneo, permitia-se alguns arroubos dionisíacos. Infelizmente, a partir de uma queda no Rosário cheio, foi tolhido paulatinamente dos movimentos. A enfermidade o castigou por quatro anos, vindo a falecer dois dias antes de completar 77 anos. Depois de sua morte, o rincão começou a se dispersar para os mais distantes lugares do mundo. Hoje lá residem apenas 11 descendentes diretos do meu avô. O centro do rincão virou tapera, onde o silêncio é interrompido pelo vento no arvoredo e por estas lembranças.
(Coluna do Expresso Ilustrado)

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