domingo, 13 de outubro de 2019

CRÔNICA DE GUARAQUEÇABA

A água da baía é interrompida por dezenas de ilhas, e a linha do horizonte se desenha com a sobreposição de vários recortes da serra que se estende na lonjura.
Os golfinhos brincam de aparecer e desaparecer na superfície morna da baía para a exclamação dos turistas, e o céu é incomparavelmente azul como as manhãs de outubro.
A cidadezinha se alonga entre a praia e o morro (coberto por uma mataria exuberante), com edificações coloridas de vermelho, amarelo, azul e branco. Restaurantes, cafés, mercearias, hotéis e pousadas fazem um cerco ao pier. Num plano mais elevado, localiza-se a prefeitura, a câmara, a igreja católica e o templo evangélico. Malgrado o isolamento geográfico, os guaraqueçanos são bem abrigados por sua religiosidade cristã.
Um dos costumes ancestrais, que precede a chegada dos portugueses, conservou-se através dos séculos: o direito ao ócio. Até a meia-tarde, os homens permanecem à sombra, descansados da vida. Outro traço cultural distintivo do interiorano consiste em cumprimentar uns aos outros na rua, não mais observado nos habitantes da cidade grande.
A sede constitui porto de partida para diversos pontos turísticos, que são acessados por lanchas voadeiras: Ilha das Peças, Parque Nacional do Superagui, Ilha Rasa, Ilha Pinheiro, Salto Morato, Sebuí, Ilha dos Papagaios, Ilha das Gamelas, Ilha Trepa-Pau, Ilha dos Porcos, Ilha das Bananas, Ilha das Laranjeiras e diversas reservas naturais.
Guaraqueçaba expõe um aspecto interessante do turismo nestes dias, ainda atraído pelo glamour da Europa, da Oceania e dos Estados Unidos. As viagens de longa distância passaram a representar o poder consumista de uma classe de pessoas que emerge do anonimato econômico e social.
Poucos desses viajantes internacionais (curitibanos) conhecem Guaraqueçaba, que não fica do outro lado do mundo, mas do outro lado da baía.

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