sábado, 14 de fevereiro de 2015

FILOSOFIA E PLATÃO




A Filosofia me atrai tanto, a começar pelos diálogos de Platão. Hoje releio A República. Quase tudo em Platão margeia a sabedoria, quando se limita a questionar o mundo real, da imanência. Não posso concordar com ele, seguindo Aristóteles, quando sobrepõe um mundo idealizado, da transcendência. 
Ao estudar as formas de governo, o filósofo elege os sábios como os melhores para governar a "cidade do céu". Neste mundo verdadeira (falso para Platão), as cidades (os estados) têm governos que evoluem da tirania à democracia. A timocracia e a oligarquia, via de regra, atrelam-se à tirania.
Obviamente, Platão era antidemocrático. Ele coloca na boca de Sócrates, no Livro IX, que o homem tirânico se origina do homem democrático. Alguns governos da América do Sul, nas últimas décadas, provam essa involução real. Ainda bem que fica apenas na ameaça. Não há mais lugar para tirano no mundo civilizado (isto é, no Ocidente). A exceção é Cuba (uma ilha). 
No mesmo Livro IX, Platão divide os homens em três classes principais: o filósofo, o ambicioso e o interesseiro. Alto lá! Se não há erro de tradução, qual o diferença entre "ambicioso" e "interesseiro"? Atualmente, os termos se confundem, quando se amplia o significado de "ambição" para "forte desejo de riqueza" (além da mesma intensidade de desejo por poder). Há dois mil e trezentos anos, em Atenas, ambicioso era quem buscava a fama e o interesseiro, o dinheiro, a riqueza material. O filósofo buscava o conhecimento, a sabedoria. 
Hoje podemos reclassificar as três classes platônicas: o cientista (no lugar do filósofo), o político (no lugar do ambicioso) e o negociante (no lugar de interesseiro). A democracia, que é a melhor forma de governo, possibilita que o político escolha um cientista e o banqueiro para assessorá-lo na administração de uma cidade (estado ou país). Isso pensado positivamente. Por outro lado, o político ambicioso não apenas se associa ao negociante interesseiro, como se torna um amálgama dessas duas classes. O cientista vira um tecnocrata e se subordina aos outros. 
Como as sociedades evoluíram desde a Grécia Antiga, há outras classes de homens, algumas delas mais numerosas, enormemente diferenciadas. 

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