quinta-feira, 23 de julho de 2020

TARDÍGRADO NO SOL?



            O Canal TILT do UOL, a versar sobre tecnologia, não é sério com a publicação da matéria: “Mancha achada no meio do Sol poderia ou não ser um tardígrado?”.
         A astronomia é uma ciência que evolui atrás de hipóteses cada vez mais difíceis de serem comprovadas (principalmente ao tratar de outras galáxias). No caso acima descrito, a pergunta beira o ridículo.
         Em primeiro lugar, não é no “meio do Sol”, a significar um determinado ponto de sua superfície. Não se diz de qualquer objeto na Terra, visto do espaço, que ele está no meio da Terra. Em segundo, mesmo que você (leitor) seja leigo no assunto, começa a leitura (pelo título mal formulado), a esperar uma análise da ESA (Agência Espacial Europeia) ou da NASA, não de internautas bobalhões.
         Após as imagens divulgadas do Sol por essas agências, a mais importante observação desses “especialistas” de plantão foi comparar uma das manchas solares com um tardígrado, e se esse micro-organismo (0,5mm de comprimento) poderia sobreviver no Sol.
         Uma das características conhecidas do tardígrado é sua adaptação à alta temperatura, certamente não superior à da água fervente. A ebulição desse líquido ocorre a 100ºC ao nível do mar, todavia a temperatura da fotosfera solar é de aproximadamente 6.000ºC. Um pouco mais da metade dessa temperatura é suficiente para fundir os metais mais resistentes.
         Essa matéria do UOL é só mais um exemplo do que é publicado amiúde nos sites com maior acesso no mundo virtual. A sanha sensacionalista (para vender) não tem limite, a atender a demanda sem limite da ignorância.
        

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