sexta-feira, 16 de agosto de 2019

NOTÍCIA TRISTE

A notícia da morte de Fábio Barcelos Paiva me deixou triste no dia de ontem. (Ainda que tardiamente, expresso meu sentimento de pesar à família enlutada.)
Penso o homem como um ser trágico, nem tanto porque está fadado a morrer um dia, mas principalmente porque sabe de sua morte inexorável e nada pode fazer para evitá-la.
A tragédia é maior, quando Moira se antecipa, no momento em que a pessoa menos a espera, distraída com as alegrias da vida.
Ao ler sobre o asfixiamento sofrido pelo Fábio no interior de um silo de soja, recordei-me de outros dois trabalhadores que morreram da mesma forma, nos silos da já extinta Cooperativa Tritícola Santiaguense (bairro Belizário). Salvo engano, foi no ano de 1978.
Como morava na rua Padre Artur, bem próximo dos silos, pude acompanhar o resgate dos dois corpos do interior da montanha de grãos (em que o secador criava um ponto de sucção).
Esses fatos trágicos deveriam servir de "start" para uma nova postura dos empregadores públicos ou privados, que tornasse prioridade a instrução, o conhecimento que previne o acidente.
O empregado precisa lidar com as máquinas depois de muito bem instruído, obviamente, mas necessita saber um pouco mais sobre si mesmo. As empresas dispõem de tempo e espaço para envolver seus "colaboradores" em atividades pensadas para esse fim.
A razão humana, mais que estar a serviço do capital, da produção de riqueza, tem a função de ampliar a vida em todas as suas dimensões, malgrado a finitude trágica que sabemos demarcá-la no tempo e no espaço.

Nenhum comentário: