Manhã azul de sábado. O movimento de automóveis e de
pedestres ainda é calmo no cruzamento da Pinheiro Machado com a Benjamin
Constant. A temperatura em Santiago está agradavelmente baixa, por conta de uma
brisa do quadrante leste.
Diante desse quadro outonal, todavia, ninguém imagina como
foram as horas que o precederam na madrugada. Os carros cruzavam em alta
velocidade, freavam bruscamente, cantavam pneu, buzinavam, propagavam a pior
música, conduzidos por notívagos sob o efeito do álcool e de outras drogas.
Notívagos a pé, mais numerosos, vindo dos diferentes bairros da cidade, tomaram
conta das esquinas para fumar “marijuana” e beber uma vodka barata (barriga
mole). Esse grupo transformou o cruzamento num quadrado de luta livre, sem as
regras do MMA. Alguns rapazes usavam bonés, próprio da rostidade adolescente. Seus
socos e pontapés eram acompanhados pelos gritinhos alucinados das moças (que
seguravam garrafas e copos para seus contendores amados). A polícia foi chamada
e, sem demora, fez-se presente com várias viaturas, dispersando os baderneiros.
No resto de noite, alguns remanescentes permaneceram na rua,
falando alto, quebrando garrafa no asfalto, chutando os conteiners de
recolhimento do lixo. Na iminência do Sol, sumiram de vez (para dormir o dia
todo quem sabe).
A luz que falta a esses jovens notívagos, eticamente
falando, constitui uma das causas do novo modo de existência que caracteriza
suas vidas.
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(Crônica escrita às 8 horas deste sábado.)
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