Em postagem anterior, escrevi sobre os sentimentos que
nos impedem de viver o agora mais intensamente. Por exemplo, a saudade nos
prende ao passado, e a esperança nos faz preocupados com o futuro. Nesta postagem, disserto sobre o consumismo e o apego. O primeiro caracteriza um modo
de vida (aparentemente) circunscrito ao presente - tempo exclusivo em que
podemos viver bem, "fruir e agir" (conforme uma expressão devida a
Freud). O que há de errado com o consumismo? A despeito de estarmos até a
medula inseridos numa sociedade consumista, como sujeitos da ação de consumir,
somos testemunhas e juízes da unânime contradição dessa forma quase irracional
de comportamento econômico. Isso é uma deslavada contradição. (O objetivo deste
texto, em especial, é que meus leitores reconheçam que tal contradição é
deslavada, sem vergonha.) Com o fim das grandes utopias (religiosas e
políticas, principalmente), o homem ocidental se voltou para o presente com uma
vontade incontrolável de ser feliz sem mais tardar, tomando o "consumo
conspícuo" por felicidade. A importância dos bens materiais transferiu a
afeição que tínhamos pelas pessoas às coisas. Pronto, assim se constitui o
apego pós-moderno. Nunca me esqueço de um poema de Neimar de Barros, cujo
título é Homo automobile. O texto
capta a essência do processo de coisificação, considerando-se a relação homem -
automóvel. Se a sanha por adquirir bens nos compromete com o futuro (pela
dívida a pagar), o apego aos mesmos bens nos atrela ao passado. Esse duplo
envolvimento é ruim para uma vida simples e feliz.
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