segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CONFISSÃO DE UM LEITOR

Deixo de ver televisão ou de me sentar à frente do computador (para atualizar este blog, jogar xadrez online, informar-me com as últimas notícias), para ler um bom romance. À presentidade, à vulgaridade, ao realismo sensacional, prefiro a atemporalidade clássica que me é propiciada pela estética da criação verbal. Leio há quarenta anos e não sei como mensurar todos os benefícios que me trouxe a leitura. O mais evidente é este que me colocou na condição de sujeito da enunciação, do discurso, também produzindo textualmente para que outros leiam. Esta coluna, por exemplo, completará dez anos em dezembro. No letramento em que me realizo como pessoa, a leitura continua tão (ou mais) importante quanto a escrita. Por um lado, lançarei um livro poético; digitalizei e atualizei Trovas da Estância do Abandono de Da. Brasília Comarca, de Zeca Blau (que será lançado em comemoração aos oitenta anos de sua primeira edição); elaborei o editorial para o informativo da próxima Feira do Livro de Santiago. Por outro, leio e leio. Domingo passado, concluí a leitura de Sepé Tiaraju - Romance dos Sete Povos das Missões, de Alcy Cheuiche. Já lera O mestiço de São Borja, do mesmo autor. Ao longo desta semana, leio  A mulher do espelho, igualmente de Cheuiche. Por que lê-lo? Para melhor recebê-lo em nosso evento cultural, a princípio. Como poderei dialogar sobre literatura com o homem se não conheço sua obra. Lendo seu Sepé Tiaraju, romance histórico, indianista e trágico (no sentido dado pela tríade grega: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes), volto a pensar no grande crime cometido pelos portugueses e espanhóis – ao dizimarem um povo a ferro e fogo. Recomendo a leitura desse livro.  

Nenhum comentário: