Deixo
de ver televisão ou de me sentar à frente do computador (para
atualizar este blog, jogar xadrez online, informar-me com as últimas
notícias), para ler um bom romance. À presentidade, à vulgaridade,
ao realismo sensacional, prefiro a atemporalidade clássica que me é
propiciada pela estética da criação verbal. Leio há quarenta anos
e não sei como mensurar todos os benefícios que me trouxe a
leitura. O mais evidente é este que me colocou na condição de
sujeito da enunciação, do discurso, também produzindo textualmente
para que outros leiam. Esta coluna, por exemplo, completará dez anos
em dezembro. No letramento em que me realizo como pessoa, a leitura
continua tão (ou mais) importante quanto a escrita. Por um lado,
lançarei um livro poético; digitalizei e atualizei Trovas
da Estância do Abandono de Da. Brasília Comarca,
de Zeca Blau (que será lançado em comemoração aos oitenta anos de
sua primeira edição); elaborei o editorial para o informativo da
próxima Feira do Livro de Santiago. Por outro, leio e leio. Domingo
passado, concluí a leitura de Sepé
Tiaraju - Romance dos Sete Povos das Missões,
de Alcy Cheuiche. Já lera O
mestiço de São Borja,
do mesmo autor. Ao longo desta semana, leio A
mulher do espelho,
igualmente de Cheuiche. Por que lê-lo? Para melhor recebê-lo em
nosso evento cultural, a princípio. Como poderei dialogar sobre
literatura com o homem se não conheço sua obra. Lendo seu Sepé
Tiaraju,
romance histórico, indianista e trágico (no sentido dado pela
tríade grega: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes), volto a pensar no
grande crime cometido pelos portugueses e espanhóis – ao dizimarem
um povo a ferro e fogo. Recomendo a leitura desse livro.
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