Um povo não necessita exclusivamente de alimento (quando
passa fome), de saúde (quando se encontra doente), de segurança (quando sofre
todas as violências), de tantas outras necessidades básicas para viver
dignamente. Ele também é carente de quem pense sua condição infra-humana.
Os
haitianos são as vítimas da miséria que mais necessitam de ajuda na atualidade.
Seus vizinhos, todos os países do norte e do sul, esbaldam-se a consumir sem o
mínimo problema de consciência (não obstante o princípio de universalidade, não
obstante os preceitos que os orientam ética e religiosamente).
Para você, caro
leitor, ter uma ideia do que seja a miséria haitiana, basta digitar no Google
“cozinha do inferno”. Diversos vídeos mostram o mercado de Porto Príncipe, ou a
imitação mais pobre (literalmente) de um mercado, de uma feira.
Até o final do
século XVIII, no mesmo local funcionava Marche
de La Croix-des-Bossales, o comércio de escravos da cidade.
Quem esteve
nessa capital nos últimos anos, como soldado da paz, comenta que o cheiro na
“cozinha do inferno” é insuportável. As carnes expostas à venda são disputadas
por pessoas e varejeiras. As comidas estragadas no chão servem de alimento para
porco, cachorro, gato e mendigo. O primeiro é abatido em praça pública,
queimado (para soltar o pelo mais facilmente) e cortado em pedaços. Tudo isso
acontece em meio à montanha de lixo, que aumentou em 60 milhões de toneladas na
cidade com o entulho do terremoto.
O título acima pressupõe uma proximidade que
não exclui o Brasil, comprovada pela vinda de imigrantes haitianos ao nosso
país. Em nosso conforto, em nosso paraíso do consumismo, sabemos que Haiti não
é cá, mas também não é lá, é ali. Não é uma ameaça, mas uma possibilidade.
Pensemos o Haiti.
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