A história da Filosofia é extraordinária pelo seu princípio, quando homens passaram a procurar o conhecimento em meio a uma realidade dominada pelo mito, pela ignorância milenar. A única referência de que dispunham para o heroico empreendimento intelectual era uma chama diminuta, que se acendia no âmago do espírito desses primeiros pensadores: a razão. A Grécia vivia sob o absoluto reinado dos deuses, forjados pelos temores e crenças que remontavam ao neolítico. A racionalidade emergente perguntava o que era o mundo, o que o constituía, e não conseguia elaborar uma resposta sem o apoio dos elementos naturais até então conhecidos: água, ar, terra e fogo. A exceção foi Anaximandro, que pensou ser a arkhé o não-identificado, o ápeiron. Desde a água ao clinámen, de Tales de Mileto a Epicuro, há uma trajetória do pensamento humano que supera em beleza os poemas épicos (de Homero e Hesíodo) e as tragédias (de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes).
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