sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A FALÁCIA OPOSICIONISTA


         A oposição em nosso município, para justificar sua derrota nas urnas, acaba de produzir uma falácia que repercute na grande mídia: “uma dinastia governa Santiago há 120 anos”. "Dinastia"? 120 anos?
         A classificação desse enunciado como falacioso superestima um equívoco semântico, impossível de se constituir numa hipérbole (figura de linguagem muito utilizada no meio político). A palavra dinastia significa uma série de soberanos pertencentes a uma mesma família.
         O sujeito do enunciado acima exagera ao ampliar polissemicamente o termo família para partido, classe, ou coisa que o valha. Ao invés de “dinastia”, empregasse “oligarquia”, ainda não haveria correspondência com a verdade.
         A história de Santiago, mais que essa tergiversação metalingüística, acusa a falácia desse sujeito desmemoriado ou sem leitura (não necessariamente nessa ordem). Antes de citar Rubem Lang e Vulmar Leite, que interromperam o governo do mesmo grupo político, este contraponto remonta à conturbada eleição de 1935/36, quando foi assassinado o juiz Moysés Vianna.
         Nesse pleito histórico, Sylvio Aquino concorria a prefeito pela Frente Única Gaúcha, uma coligação entre o Partido Libertador e dissidência do Partido Republicano. Seu adversário, José Ernesto Muller, candidatava-se a eleição (até então era prefeito nomeado pelo Partido Republicano. O poder administrativo do município, portanto, encontrava-se nas mãos de Muller, cujos correligionários tudo fizeram para impugnar a votação em Florida, com o intuito de evitar a virada em favor de Sylvio Aquino. Com a intervenção de Moysés Vianna, a democracia foi salva.
         O Partido Libertador, que apoiou Sylvio Aquino, contribuiu para a formação da União Democrática Nacional (UDN), em 1945, partido conservador que faria oposição a Getúlio Vargas. O grosso desse partido, em 1965, compôs a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), origem política do Partido Progressista (PP).
         José Ernesto Muller, de acordo com o exposto nos parágrafos anteriores, não era “dinástico”. Por que não se elegeu? A pergunta é válida para os partidos de oposição que assumiram a Prefeitura noutras oportunidades e tornaram a perdê-la democraticamente na eleição seguinte.
         ...
         O equívoco é também matemático.  

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