A oposição em nosso município, para justificar
sua derrota nas urnas, acaba de produzir uma falácia que repercute na grande
mídia: “uma dinastia governa Santiago há 120 anos”. "Dinastia"? 120 anos?
A classificação desse
enunciado como falacioso superestima um equívoco semântico, impossível de se
constituir numa hipérbole (figura de linguagem muito utilizada no meio político).
A palavra dinastia significa uma
série de soberanos pertencentes a uma mesma família.
O sujeito do enunciado acima exagera ao
ampliar polissemicamente o termo família
para partido, classe, ou coisa que o valha. Ao invés de “dinastia”, empregasse
“oligarquia”, ainda não haveria correspondência com a verdade.
A história de Santiago, mais que essa
tergiversação metalingüística, acusa a falácia desse sujeito desmemoriado ou
sem leitura (não necessariamente nessa ordem). Antes de citar Rubem Lang e Vulmar
Leite, que interromperam o governo do mesmo grupo político, este
contraponto remonta à conturbada eleição de 1935/36, quando foi assassinado o juiz
Moysés Vianna.
Nesse pleito histórico, Sylvio Aquino
concorria a prefeito pela Frente Única Gaúcha, uma coligação entre o Partido
Libertador e dissidência do Partido Republicano. Seu adversário, José Ernesto
Muller, candidatava-se a eleição (até então era prefeito nomeado pelo Partido
Republicano. O poder administrativo do município, portanto, encontrava-se nas
mãos de Muller, cujos correligionários tudo fizeram para impugnar a votação em
Florida, com o intuito de evitar a virada em favor de Sylvio Aquino. Com a
intervenção de Moysés Vianna, a democracia foi salva.
O Partido Libertador, que apoiou Sylvio
Aquino, contribuiu para a formação da União Democrática Nacional (UDN), em
1945, partido conservador que faria oposição a Getúlio Vargas. O grosso desse
partido, em 1965, compôs a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), origem política
do Partido Progressista (PP).
José Ernesto Muller, de acordo com o
exposto nos parágrafos anteriores, não era “dinástico”. Por que não se elegeu?
A pergunta é válida para os partidos de oposição que assumiram a Prefeitura
noutras oportunidades e tornaram a perdê-la democraticamente na eleição
seguinte.
...
O equívoco é também matemático.
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