domingo, 9 de setembro de 2012

MICHEL ONFRAY

ESSE É O CARA. Autor de o Tratado de Ateologia, Onfray é o filósofo francês mais lido na atualidade. Ele criou em 2002 a Universidade Popular de Caen, cujo objetivo é "ser uma casa de ensino heterodoxo". Segundo o pensador, "a ideia é promover o retorno às raízes do humanismo ocidental". 
O último número da revista Filosofia publica uma entrevista com Onfray, com a seguinte manchete: "Contra o pensamento dominante".
Ultimamente, sua produção baseia-se numa "contra-história" da Filosofia, isto é, num resgate daqueles pensadores que foram derrotados pela filosofia dominante. Para Onfray, "Há uma história escrita há mais de mil anos pelos vencedores que, na Europa, desde a conversão do Império Romano à nova religião pelo Imperador Constantino, são os cristãos". 
A exceção de Nietzsche, quem expressou essa verdade?
"Os vencedores deram destaque a todas as filosofias que se parecem com o cristianismo, ou que são compatíveis com ele: o platonismo, o estoicismo ou o aristotelismo combinam bem com os interesses dos vencedores, assim como os espiritualistas, os deístas, os teístas, os dualistas ou múltiplos e diversos crentes. Em contraste, os materialistas, os atomistas, os ateus, os sensualistas, os empiricistas e os anarquistas não combinam com os 'oficiais'. 
Entre os esquecidos, Onfray inclui os socialistas utópicos destruídos pelo triunfo do marxismo, "que é uma filosofia idealista emblemática". 
Nietzschiano, Onfray critica os próprios filósofos: 
"Eu não me sirvo dos filósofos, eu os sirvo explicando o que eles realmente disseram, escreveram, publicaram. Para alguns, esse exercício é terrível, porque, sob a lenda, descobrimos um pensamento mal entendido, às vezes em desacordo com a reputação. Eu acabo de concluir um curso sobre Beauvoir e Sartre no que a lenda de resistentes antifascistas se quebra sob a verdade histórica: Sartre escrevia na Comoedia, uma revista colaboracionista em 1941 e 1944, e Beauvoir, em 1944, trabalhava na Rdio-Vichy, uma rádio também colaboracionista".
"Na filosofia dominante, a realidade é menos importante do que a ideia."
Perguntado qual seria o maior problema da Filosofia, responde que é o idealismo. Outro problema consiste "a dupla armadilha da ilegibilidade e da banalização da Filosofia sob o pretexto de democratizá-la".
Nessa mesma resposta, acrescenta "não descer a Filosofia até o público, mas elevar o público até a Filosofia".
Penso exatamente dessa forma em relação à poesia, por exemplo. 
Sobre a Filosofia ser uma ferramenta, Onfray conclui: 
"Durante quase dez séculos, dos pré-socráticos a Boécio, a Filosofia é tida como inseparável da vida filosófica: não se filosofa para brincar com conceitos, escrever livros, ministrar cursos, glosar e comentar escritos, mas para converter a uma outra vida".

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