Livro é meu chão, meu céu, meu sonho (de consumo). Com ele amanheço, viajo e adormeço. Com ele meço o prazer e a dor do ser. Por ele corro mundo, faço tudo, vou a fundo. Por ele abro mão do sono e da televisão. Na contramão de muita gente, sou apenas leitor (como Borges, que se orgulhava das páginas que havia lido). Livro é meu beabá, onde aprendo a ler todo dia. Livro é meu abc (de saber e poesia). De Zezé a Zaratustra, livro é meu pé de laranja lima, meu assim falava quê. Por ele esperava ansiosamente a volta do pai que fora comprá-lo na cidade. Por ele espero com a mesma ansiedade a chegada do correio. Com ele o tempo passo (mais que passatempo). Com ele acerto o passo na marcha do conhecimento. Livro é meu guia, minha luz e minha via. Com ele percebo estrelas, flores e pássaros (fora da galáxia e da estação). Com ele curto a liberdade de seguir ou não seguir a linha entre palavras, entrelinhas. Por ele abro picadas no escuro, com os olhos da imagin(ação). Por ele procuro o coração preclaro. Livro é meu tesouro (sempre encontrado à base do arco-íris, em algum lugar deste quarto de leitura). Minha água, meu alimento, meu fogo. Por ele vale a pena ter a alma com sede, fome e frio, condições para o imediato regozijo. Livro é minha razão, meu advogado, meu professor. Com ele defendo qualquer argumento contra a ignorância. Livro é meu hipertexto anterior ao wwwpontocom (com suas citações, notas de rodapé, bibliografia, índice onomástico etc.). Com ele mantenho uma relação de bibliofilia desde a primeira vez que o vi, que o li a primeira vez. Por ele vou à 12ª Feira do Livro de Santiago.
Um comentário:
Prezado Froilam,
Bela, muito bela a sua declaração de amor ao livro! Tanto gostei que resolvi compartilhá-la com mais gente, com os devidos créditos, é claro. Quem ainda não adquiriu o gosto pela leitura não sabe a delícia que é... Sempre é tempo.
Abraço,
Nivia
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