Os gregos distinguiam doxa de aletheia, a simples opinião da verdade, o que é. No âmbito desta blogosfera, como de resto o que é dito em todos os meios de comunicação, quase tudo não passa de opinião, sempre limitada por um mínimo de subjetividade. Por mais imparcial que possa ser o julgamento que eu, você, ou nós fazemos de algo, geralmente uma pessoa, um fato... A opinião é pouco mais que palavras ao vento. Há quem, com ouvidos muito sensíveis, ouve essas palavras e as considera como verdade. Esta continua lá, imperceptível, velada, em estado puro.
Faço essa introdução para tocar no caso da Mega-Sena, Novo Hamburgo. São muitas as opiniões, às quais posso acrescentar a minha, mas a verdade quem sabe? O consenso é que a funcionária falhou ao não registrar o jogo do bolão. Isso diz o advogado do dono da lotérica, confirmado pela gravação a posteriori. A Caixa Federal defende-se com algo absolutamente novo, o bolão é proibido. Há diferença entre um cartão pago por um grupo de pessoas e outro pago por um só apostador? Como o jogo não foi feito, a Caixa não tem a obrigação de pagar o prêmio. Os apostadores tiveram a sorte de acertar os números sorteados e o azar de o jogo não ter sido registrado. O dono da lotérica, sim, pode ser cobrado pelos apostadores. Antes disso, deve ser investigado. O dito "esquecimento" não se repetira anteriormente? Tudo opinião. À exceção do dono da lotérica, por enquanto ninguém sabe a verdade. Penso que, para quem não é um dos infelizes apostadores, mais interessa mesmo as opiniões (e as mentiras).
A propósito, minha coluna do Expresso Ilustrado de hoje trata das mentiras que arquitetaram a 2ª Guerra Mundial. A pós a leitura do livro A farsa de Churchill, de Louis C. Kilzer, não me contive com a visão um pouco mais privilegiada da verdade sobre o grande conflito. Nesse caso, as opiniões viraram mito, consagrado pela própria História.
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