A vida teve origem no mar, em meio ao turbilhão de água que vem molhar os pés do homem à praia. Este sequer pode imaginar como o processo vital foi iniciado, tampouco que, num futuro distante, tudo o que é vivo acabará no mar, como único e derradeiro refúgio. As chamadas “terras descobertas” não oferecerão mais condições para que sobreviva alguma espécie (depois da nossa ter desaparecido há muito). Não há pessimismo nessas previsões, apenas um grande conhecimento do mundo, do Sol, que se levanta poeticamente todas as manhãs, ao espírito humano, que é capaz de, entre muitas coisas, ver transcendência no acaso existencial. A estrela, para não sucumbir à sua própria força gravitacional, acelerará a fusão de Hidrogênio. As conseqüências serão terríveis para a biodiversidade que se desenvolve no planeta, aproveitando-se de um momento denominado “cachinhos dourados”. No desespero de se manter vivo, como apoteose de toda a criação, o homem destruirá tudo o que estiver ao seu alcance, inclusive a si próprio. Sem a humanidade, a Terra girará por outros bilhões de anos em torno do Sol (então não mais poético). Mas o espécime que estende um olhar na direção do imenso oceano, tendo os pés molhados por uma fímbria de escuma, na percebe tais coisas, uma vez que seu espírito é dimensionado a partir do tempo presente, para o tempo presente, por um viés especista, antropocêntrico. Ele é ainda incapaz de pensar pelas outras criaturas, que, independentemente de quais forem seus meios de sobrevivência, correm risco de extinção desde agora.
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