Muito antes de ler Charles Taylor, filósofo canadense, eu já chegara aos três grandes nomes da modernidade, que libertaram o homem ocidental do delírio religioso: Copérnico, Darwin e Freud. Tal libertação, ainda incompleta, não ocorre sem grandes frustrações.
O primeiro nome é Nicolau Copérnico,
monge polonês, que descobriu matematicamente que era a Terra que girava em
torno do Sol, e não o contrário (como sustentava todo o saber anterior). Sua
descoberta gerou um grande mal-estar em pleno apogeu do Cristianismo, quando a
Terra estava no centro do mundo, com o Deus sobre ela, sentado num “sólio de
nuvens” (no dizer de Will Durant). Com estudos posteriores, nosso planeta foi
perdendo cada vez a centralidade, reduzindo-se a um grão de poeira na imensidão
do espaço-tempo. Copérnico receoso de que seu estudo causaria uma indignação
muito grande, com consequências terríveis para ele, publicou-o um pouco antes
de morrer em 1543. Giordano Bruno, que defendeu mais tarde o heliocentrismo,
foi condenado e executado pela santa igreja de Roma.
O segundo nome e (reputo) o mais
importante é Charles Darwin. Outro que tardou para publicar seu A origem das espécies (1959), um
escândalo para a Era Vitoriana, de fundamentalismo moral e religioso. A
frustração causada por Copérnico foi superada com a crença de que o homem era
ainda uma criatura divina, diferente dos outros animais. Darwin explica
minuciosamente como ocorreu a evolução das espécies, como homem e chimpanzé
pertenciam a uma mesma espécie entre seis e sete milhões de anos antes do
presente. O criacionismo, tido como verdade absoluta, passa a ser relegado pela
ciência como um outro mito qualquer.
Sigmund Freud é o terceiro nome citado
por Taylor como um dos “gigantes da razão científica”. Com a frustração
propiciada pelo darwinismo, abandonou-se a crença no mito adâmico e se agarrou
à racionalidade, uma centelha de luz a distinguir o homem. Todavia, surge
Freud, que citara Copérnico e Darwin no ensaio Uma dificuldade da psicanálise como responsáveis por causar grandes
aborrecimentos à humanidade, com a sua descoberta do inconsciente. O terceiro
aborrecimento (frustração da razão que se pressupunha a essência humana). O
consciente é a ponta emersa do iceberg, tudo mais é instinto, pulsão,
inconsciente.
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