Hoje
levantei com a ideia de pintar meu autorretrato com vitiligo. Pictoricamente, estas
manchas mais claras na testa, acima da sobrancelha e no extremo direito da boca
darão ao quadro um aspecto interessante.
Outra ideia me ocorreu nesta manhã: iniciar
a escrita de um romance. Depois que li Terra
sonâmbula (Mia Couto) e Torto arado
(Itamar Vieira Júnior), essa ideia se renova com frequência (sempre vencida
pela autocrítica).
Qual é a autocrítica?
Por um lado, reconheço que não estou
preparado para tão grande empreendimento criativo, que me exigiria muito suor,
muita queima de neurônio. Por outro, penso que o compromisso com a realidade é
mais urgente. O mundo não anda bem, a necessitar do meu engajamento filosófico.
Platão poderia estar certo em deixar os
poetas fora de sua república, porque eles perpetuam a ilusão, o estado sensível
do fundo da caverna. Para sair à luz, o homem o faz por intermédio da razão, do
conhecimento.
Assim dividido, adianto que não pintarei
meu autorretrato, tampouco iniciarei um romance. A arte fica para depois, não
obstante a perspectiva de que depois será tarde.
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