O amor em
tempos difíceis continua a conjunção de astros, o ramalhete de flores, o
amálgama de metais raros, a combinação de doces saborosíssimos, enfim, a soma
de muitos sentimentos, qualidades ou atitudes que o constituem desde muito.
Ao
dizer “flor”, por exemplo, o poeta diz cherry blossom, cravo, gérbera,
rosa, violeta... Esses nomes são hipônimos de flor, o hiperônimo. Ao dizer
amor, o poeta diz cumplicidade, eroticidade, fidelidade, gentileza,
reciprocidade... Essas flores compõem o grande ramalhete, cuja beleza e perfume
excedem qualquer limitação temporal.
A
rosa que se quebra ou murcha compromete o ramalhete por inteiro. As outras
flores são insuficientes para mantê-lo belo e fragrante. A fidelidade que se
nega ao outro, ao ser amado, impossibilita o amor por inteiro.
Aquele
que ama verdadeiramente sabe o significado e a relevância de cada flor, de cada
sentimento, qualidade ou atitude para o todo. O bom jardineiro não desiste de
suas flores, simplesmente porque o tempo não é favorável a elas. O amante pega
atalhos, quando a reta do tempo linear se entorta, ou quando o tempo circular
vira rotina viciosa.
O
amor é a possibilidade de saltar para fora do tempo, seja este difícil ou não, sombrio
(segundo uma denominação de Hannah Arendt) ou não, ao viver o instante – e sua
eternidade.
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