terça-feira, 23 de junho de 2020

UMA MUDANÇA POSSÍVEL


A pandemia determina algumas mudanças em nossos hábitos, o que não ocorria há muito (desde que passamos a tomar esses hábitos como a expressão inconteste de nossa autonomia).
       Entre os hábitos impostos pela necessidade de isolamento, o de ficar em casa é o de menor aceitabilidade, a gerar certo incômodo físico e psicológico. Esse mal-estar não se deve ao tempo ampliado de convivência familiar, senão ao espaço limitado de ir e vir.
       Para alguns, a falta de contato interpessoal cede vez a um voltar-se a si mesmo, a uma introspecção. Nesse aspecto, sustenta-se o argumento de que o mundo pós-pandemia será outro, mais intersubjetivo, mais relacional.
       O autoconhecimento é condição para o conhecimento do outro. Conhecer a si mesmo transcende o pré-conceito que está na base de todo julgamento apressado, de toda culpa (ou de toda inocência) autoatribuída. Essa introspecção pode voltar-se para fora, para a relação com o outro, então não mais enquadrado em estereótipos pré-concebidos.
       Caso essa evolução aconteça, certamente o mundo pós-pandemia será melhor, a partir de novos hábitos menos individualistas. 

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