A pandemia determina algumas mudanças
em nossos hábitos, o que não ocorria há muito (desde que passamos a tomar esses
hábitos como a expressão inconteste de nossa autonomia).
Entre
os hábitos impostos pela necessidade de isolamento, o de ficar em casa é o de
menor aceitabilidade, a gerar certo incômodo físico e psicológico. Esse
mal-estar não se deve ao tempo ampliado de convivência familiar, senão ao
espaço limitado de ir e vir.
Para
alguns, a falta de contato interpessoal cede vez a um voltar-se a si mesmo, a
uma introspecção. Nesse aspecto, sustenta-se o argumento de que o mundo
pós-pandemia será outro, mais intersubjetivo, mais relacional.
O
autoconhecimento é condição para o conhecimento do outro. Conhecer a si mesmo
transcende o pré-conceito que está na base de todo julgamento apressado, de
toda culpa (ou de toda inocência) autoatribuída. Essa introspecção pode
voltar-se para fora, para a relação com o outro, então não mais enquadrado em
estereótipos pré-concebidos.
Caso
essa evolução aconteça, certamente o mundo pós-pandemia será melhor, a partir
de novos hábitos menos individualistas.
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