sexta-feira, 7 de junho de 2019

EXTINÇÃO DE MASSA


EXTINÇÃO EM MASSA: O HOMEM
NÃO ESCAPARÁ DA PRÓXIMA


As pessoas precisam aprender a olhar para a vida como unidade de conteúdo, malgrado a diversidade das formas.
Froilam de Oliveira

         A última do feed de noticias: “De acordo com um relatório do Breakthrougt National Center for Climate Restoration, a civilização humana pode ser devastada até 2050. Calor infernal e colapso de ecossistemas inteiros”.
         O alarme com o acúmulo de Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera da Terra procede de uma lembrança impregnada no DNA da vida. No final do Período Permiano (Era Paleozoica), houve a maior extinção em massa já existente no planeta. Não fosse os 10% das espécies que sobreviveram, a vida teria sido completamente exterminada.
         O que aconteceu por volta de 252 milhões de anos atrás?
         A geologia é leitura confiável, bem como a paleontologia. Com base nessas ciências, começo falando sobre a relação nem sempre harmoniosa entre a crosta e o manto terrestre (sob nossos pés). O manto é a camada mais extensa do globo, localizada logo abaixo da crosta, a parte endurecida de 0 a 40 km de espessura. A alta pressão e temperatura impedem que o manto se solidifique, constituindo-se numa “geleca extraviscosa”1. No interior do manto, há correntes de lava que se deslocam de um lado para outro, para cima e para baixo, rios loucos e violentos (não necessariamente nessa ordem).
         No final do Permiano, as lavas irromperam na região da Sibéria. Não existiam vulcões como os conhecemos hoje, em forma de cone no alto das montanhas. Eles eram aberturas no chão, com quilômetros de extensão, que expeliam o material vindo de baixo por anos, décadas e séculos. A lava representava um perigo evitável pelo simples afastamento, mas o calor e os gases tóxicos afetavam quase todo o planeta.
         O CO2 expelido pelas erupções siberianas causou um efeito estufa de grandes proporções, queimando a vida mais sensível, a começar pelos grandes anfíbios e répteis. Cerca de 90% das espécies foram extintas. Um efeito mais devastador que a extinção ocorrida no final do Cretáceo, há 66 milhões de anos, quando os dinossauros foram exterminados quase que abruptamente.
         O homem potencializa a emissão de CO2, somando-se aos outros emissores naturais. Todavia, ele o é de uma forma consciente, sabe que suas ações são escatológicas, levam ao fim da própria espécie. Isso vai acontecer certamente, mais cedo ou mais tarde do que profetizam os catastrofistas.
         A lembrança das antigas extinções em massa (em número de cinco) não foi de todo apagada da memória celular da vida. Graças à evolução da consciência, o homem é o único que sabe antecipadamente sobre sua própria extinção futura. Isso não é um privilégio, senão um motivo de assombro e de angústia.

1.  Assim se expressa Steve Brusatte em Ascensão e queda dos dinossauros (2019, p. 21).

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