EXTINÇÃO EM MASSA: O
HOMEM
NÃO ESCAPARÁ DA
PRÓXIMA
As pessoas precisam aprender a olhar para a vida como unidade
de conteúdo, malgrado a diversidade das formas.
Froilam de Oliveira
A última do feed de noticias: “De acordo com um relatório do Breakthrougt National Center for Climate
Restoration, a civilização humana pode ser devastada até 2050. Calor
infernal e colapso de ecossistemas inteiros”.
O alarme com o acúmulo de Dióxido de
Carbono (CO2) na atmosfera da Terra procede de uma lembrança impregnada no DNA
da vida. No final do Período Permiano (Era Paleozoica), houve a maior extinção
em massa já existente no planeta. Não fosse os 10% das espécies que
sobreviveram, a vida teria sido completamente exterminada.
O que aconteceu por volta de 252
milhões de anos atrás?
A geologia é leitura confiável, bem
como a paleontologia. Com base nessas ciências, começo falando sobre a relação nem
sempre harmoniosa entre a crosta e o manto terrestre (sob nossos pés). O manto
é a camada mais extensa do globo, localizada logo abaixo da crosta, a parte
endurecida de 0 a 40 km de espessura. A alta pressão e temperatura impedem que
o manto se solidifique, constituindo-se numa “geleca extraviscosa”1.
No interior do manto, há correntes de lava que se deslocam de um lado para
outro, para cima e para baixo, rios loucos e violentos (não necessariamente nessa
ordem).
No final do Permiano, as lavas
irromperam na região da Sibéria. Não existiam vulcões como os conhecemos hoje,
em forma de cone no alto das montanhas. Eles eram aberturas no chão, com
quilômetros de extensão, que expeliam o material vindo de baixo por anos,
décadas e séculos. A lava representava um perigo evitável pelo simples
afastamento, mas o calor e os gases tóxicos afetavam quase todo o planeta.
O CO2 expelido pelas erupções
siberianas causou um efeito estufa de grandes proporções, queimando a vida mais
sensível, a começar pelos grandes anfíbios e répteis. Cerca de 90% das espécies
foram extintas. Um efeito mais devastador que a extinção ocorrida no final do
Cretáceo, há 66 milhões de anos, quando os dinossauros foram exterminados quase
que abruptamente.
O homem potencializa a emissão de CO2, somando-se
aos outros emissores naturais. Todavia, ele o é de uma forma consciente, sabe
que suas ações são escatológicas, levam ao fim da própria espécie. Isso vai
acontecer certamente, mais cedo ou mais tarde do que profetizam os
catastrofistas.
A lembrança das antigas extinções em
massa (em número de cinco) não foi de todo apagada da memória celular da vida.
Graças à evolução da consciência, o homem é o único que sabe antecipadamente sobre
sua própria extinção futura. Isso não é um privilégio, senão um motivo de assombro
e de angústia.
1.
Assim
se expressa Steve Brusatte em Ascensão e
queda dos dinossauros (2019, p. 21).
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