Na condição de leitor do Correio do Povo, já fui admirador de Juremir Machado da Silva, seu colunista reconhecidamente mais polêmico.
No artigo de ontem, FHC e Lula, Juremir compara os dois ex-presidentes do Brasil - com a evidente intenção de dissimular sua defesa do segundo.
Para fazer essa comparação, o jornalista sagaz usa do subterfúgio de se ater sobre o assunto em razão de pedidos dos leitores.
Do ponto alto da comparação entre os dois ex-presidentes, destaco "FHC é muito mais culto" e "Lula é muito mais inteligente".
Juremir cria uma dicotomia entre cultura e inteligência, atribuindo-as a FHC e a Lula, respectivamente. Em seguida, afirma que "FHC foi mais esperto".
Isso me basta para, mais uma vez, questionar o oportunismo de Juremir (do tipo que fez sucesso no telejornalismo brasileiro, com Boris Casoy).
Na distinção acima, há um jogo equivocado de conceitos, o qual beneficia o político que mais próximo esteve de conferir ao colunista uma "bolsa família" ideológica - Lula.
A língua portuguesa distingue inteligência e esperteza (pela etimologia dos dois termos: inteligência, aptidão para o conhecimento; esperteza, característica de quem é ou está desperto, definido por Houaiss como "ardil", "astúcia", "malandragem").
No princípio da Filosofia, os pensadores gregos associavam o conhecimento à virtude, ao bem.
Todos os políticos brasileiros ainda saberão que, sem comparar a FHC, Lula constitui o melhor exemplo vivo de esperteza, a qual não pode ser tomada como inteligência, sabedoria.
Juremir se presta a fazer tal confusão, usando FHC como bode expiatório.
Um comentário:
Papel feio de um intelectual que se diz isento. Na verdade, trata-se de um militante político enrustido e dissimulado, que abusa de sua condição de professor universitário e de sua formação acadêmica (segundo informações ele teria doutorado em literatura e comunicação) para prestar serviços aos seus patrões e mantenedores, de forma mesquinha, buscando enganar e influir na percepção e discernimento das pessoas de boa fé, sobre fatos, evidências, realidades e personagens do cenário político brasileiro. Há muito o considero um farsante, semelhante ao papel que, às vezes, é protagonizado também por Luis Fernando Veríssimo.
Parabéns, Froilam, por denunciar o ardil sórdido de um intelectual que deveria contribuir com o seu saber para ampliar a consciência crítica de seus eventuais leitores, e não se portar como jornalista chapa-branca de um segmento político partidário que dilapida os alicerces da nação brasileira.
Cordialmente,
Vulmar Leite
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