A
democracia divide politicamente o Brasil: uma parte azul, constituída
pelos estados sob e ao sul do Trópico de Capricórnio; uma parte
vermelha, constituída pelos estados do Norte e Nordeste. Entre uma e
outra, localizam-se algumas unidades neutras da Federação, que se
investem da função de anular diferenças e antagonismos futuros.
Por
trás desse feito (ainda inconcluso), desponta o Partido dos
Trabalhadores, cuja orientação ideológica prende-se à ideia
marxista, já tornada historicamente obsoleta, de que as sociedades
se dividem em burgueses e proletários, classe média e classe de
trabalhadores, "nós e eles". Por isso, o governo petista realinhou-se com países
que foram, aspiram ser ou são socialistas: Rússia, China,
Venezuela, Cuba...
Diferentemente
das revoluções do século XX, quando alguns líderes recrutavam
exércitos (entre os proletários), pegavam em armas e executavam
seus compatriotas, o PT substituiu a violência e o confisco pela
tributação alta e a transferência direta de renda. Com essa
política socioeconômica, atinge o bolso da classe média (sem
contrapartida) e beneficia a classe baixa (com exclusividade). A
estratégia arrivista desse governo, exteriorizada como “programa
social”, cujo feedback continua positivo (para a manutenção
do poder), não foi ainda avaliada como uma forma de injustiça.
O
desenvolvimento das famílias beneficiadas, o eixo mais falacioso do
programa, pressupõe apenas a capacidade de consumo de cada uma
delas, não a capacidade de produção. A propósito, uma das
primeiras manifestações da presidente reeleita foi de sobre-exaltar
a importância desse assistencialismo, em vista de promover o
ingresso dos mais pobres à classe média. Há um exagero no discurso
de Dilma Rousseff, por um lado, e uma inequívoca contradição, por
outro. O BF está muito longe de propiciar à classe baixa o salto
econômico mais repentino e extraordinário de nossa história. A
classe média não poderia ser uma referência social, na medida em
que ela é ideologicamente odiada pelos intelectuais (amantes de
Cuba), do tipo Marilena Chauí.
A
versão mais aproximada de proletariado no Brasil, o miserável, ao
receber o abono-prole, permanece no estado de miserabilidade, não
alcançando a condição de trabalhador em potencial. Sem essa
condição, ele jamais chegará à classe média – por mais que
queiram achatá-la os antiburgueses.
Com
fundamentação no exposto acima, evidencia-se algo mais que
exagero e contradição no discurso petista. Há intenções
sub-reptícias, como estruturar uma base eleitoral e dividir a
sociedade, ambas podem ser inferidas pelo resultado da última
eleição.
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