O mundo, em sua configuração presente, apresenta uma geografia dual: natureza versus artifício. A natureza é representada por tudo que existe independente do fator humano, e o artifício, pelo contrário. O mês de setembro, por exemplo, pode ser descrito sob esses dois grandes domínios. Sem o homem (mão, linguagem e inteligência), não haveria uma medida para o tempo de 30 dias, o mês com a denominação setembro. Os campos e as matas, no entanto, continuariam a florir nestas manhãs azuis. As borboletas e os pássaros continuariam a voar entre as flores, sobre os campos e as matas naturalmente. A estação continuaria a se repetir a cada ciclo determinado pela posição do planeta em sua órbita translacional, não obstante a presença daquele que a denominaprimavera. A árvore e o fazendeiro ainda convivem dentro do mesmo dia 21 a eles dedicado contraditoriamente. O fazendeiro ainda derruba a árvore, beneficia seu tronco e queima seus galhos. Nessa prática tão antiga, ele foi agente de destruição do meio natural, com a extração madeireira, o cultivo da roça e a ampliação da pastagem. À medida que o artifício aumenta seus poderes, todavia, a natureza não apenas perde os seus, como passa a sofrer as mais diversas formas de agressão. O choque entre natureza e artifício já aponta para um desfecho pouco alvissareiro para a humanidade. Ela é ainda movida pelo princípio antrópico, ou pior, pelo preconceito antropocêntrico. Não demorará a dar sinal de que personifica o lado mais fraco obviamente. A falta de alimento, de água e de energia em determinados lugares da Terra (em decorrência de uma desigualdade globalizada de consumo), constitui os primeiros sintomas de um mal futuro. Setembro continuará a existir em tempo de catástrofes naturais e artificiais, as quais mudarão a geografia do mundo.
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