segunda-feira, 19 de agosto de 2013

SURDOS E BURROS


A perda auditiva entre crianças e adolescentes é um fato (passível de ser verificado nas duas últimas décadas). 
O Zero Hora de sábado, 17, publicou uma reportagem sobre o assunto. Segundo o otorrinolaringologista citado, a culpa desse problema de saúde moderno é dos fones de ouvido. 
Este conhecimento é científico e popular (ao mesmo tempo). Todos sabemos que os nossos jovens ouvem música em alto volume. Os fones de ouvido apenas disfarçam tal condição. Dizer que o aparelho é o vilão, como se expressa o médico, constitui uma falácia (da falsa analogia). O sujeito que ouve a música em alto volume é o verdadeiro culpado - e vítima também. 
Há outros problemas não apenas decorrentes da surdez e que a superam em gravidade. A reportagem supracitada faz uma menção a alguns deles em nota de rodapé (com fonte menor)*. Eles ainda escapam à ciência, sua abordagem se encontra no campo especulativo. 
Concomitantemente com o problema da surdez, pergunto se a música não tem diminuído a capacidade cognitiva dos ouvintes contumazes. 
Em 1988, na Universidade Tuiuti, Curitiba (PR), insinuei sobre a incompatibilidade entre estudar e ouvir música ao mesmo tempo. Uma colega roqueira quase avançou em mim. 
Como não associar o volume alto e a baixa qualidade do que se ouve a uma alienação discursiva? Como não cotejar o tempo a ouvir a barulheira (pretensamente musical) com o dedicado ao estudo? 
Mesmo que as questões acima não sejam respondidas, confirmando-se o mal pressuposto, entendo que burrice é a denominação mais adequada para a vontade de querer se tornar surdo.
* A criança não reage quando é chamada ou não obedece a ordens.
Parece desatenta.
Dificuldade de concentração.
Apresenta atraso na aquisição da linguagem.
Tem queda no desempenho escolar.
Fixa o olhar na boca do interlocutor, tentando fazer leitura labial.
(Tem) dor de cabeça.
Irritação.

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