sábado, 24 de novembro de 2012

VIRGENS LIBERAIS

A mais nova profissão, vender a virgindade, é semelhante à que dizem equivocadamente ser a mais velha, a prostituição. Uma pequena diferença é grande: a primeira não pode ser exercida pelo mesmo indivíduo, e a segunda,  ao contrário, vende o próprio corpo repetidas vezes. A condição essencial para se vender a primeira vez é logo perdida pelo indivíduo, que pode, no máximo, prostituir-se (condição já definida acima). Outra diferença diz respeito ao aspecto moral: a primeira vez sempre foi caracterizada por um extremo de vergonha, de intimidade, de afetividade e tudo mais que está na base de um relacionamento sexual inesquecível; a prostituição se caracteriza pela falta de vergonha principalmente. Com o auxílio da Internet, o indivíduo elimina a vergonha, obstáculo para o confronto cara a cara, e acaba vendendo seu  corpo não violado. Sem vergonha, vende também o próprio caráter, a própria alma. A mídia, mais do que a serpente do mito adâmico, oferece recompensas ao indivíduo (depois de tê-lo incitado a levar adiante seu projeto). 
Por que profissão?
Já não é mais um indivíduo isolado que propõe vender sua virgindade. Seguindo a catarinense Ingrid Migliorini, 20 anos, que conseguiu leiloar-se por 1,5 milhões, outra jovem faz a oferta de si mesma. Trata-se de Rebeca Bernardo Ribeiro, 18 anos, paulista. O primeiro lance foi de 60 mil.
Ingrid é excêntrica, perderá sua virgindade num voo intercontinental. Ela diz que fará casas populares com o dinheiro do japa, fiel à premissa moderna de que todo projeto precisa ter uma amplitude social. Seu caso me permite dizer o jargão do paraquedista: o avião caiu. 
Rebeca é mais realista: ajudará a mãe que sofreu um AVC. 
Faço-lhe meu lance: SUGIRO QUE RECONSIDERE A VENDA DE SUA VIRGINDADE, DESISTINDO DESSE PROJETO IMORAL POR UMA CAMPANHA MIDIÁTICA EM PROL DE SUA MÃE. 

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