Uma parcela
significativa da sociedade brasileira encontra-se endividada, presa a um, dois
ou três empréstimos. A maioria dos devedores financiou a compra de carro novo.
Eis o fato social (ou econômico). Toda dívida é bem comparada a uma bola de
neve montanha abaixo. Esse fenômeno não pertence ao nosso contexto geográfico,
mas constitui uma das figuras para representar o enrosco em que se envolve o endividado.
Às vezes, ele é obrigado a pedir um segundo empréstimo para pagar o anterior.
Bola de neve, avalanche, areia movediça... O gaúcho fala em atoleiro: Fulano de
está atolado. Ouvindo a conversa de quem assim se encontra, pensando nas causas
que o levaram à situação indesejável, chego a esta conclusão: há uma armadilha
discursiva, preparada pelas instituições financeiras, para pegar os incautos,
que caem ingenuamente (motivados pela expectativa de comprar um carro zero). A
armadilha denomina-se taxas de
juro. Hoje, por exemplo, o juro para financiamento de veículos é a
seguinte: no Banco A é de 0,97%; no Banco B, de 0,95%; e no Banco C, de 0,89%.
O futuro endividado, com margem consignável, decide fazer um empréstimo no
Banco C, uma vez que é a menor taxa. A impressão que tenho é que ele não
considera a prestação líquida e certa que lhe será descontada doravante, todos
os meses. Qual a diferença entre pagar 0,89% e 0,95% de 1.000 reais, por
exemplo? Os 1.000 reais serão descontados mensalmente de seu vencimento, mais
as taxas de 0,89% (se o empréstimo foi realizado no Banco C) ou 0,95% (se no
Banco B). Somam-se IOF e TAC. O problema de endividamento são os 1.000 reais,
independentemente das taxas (8,90 no Banco C ou 9,50 no Banco B, cuja diferença
fica na casa dos centavos).
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