domingo, 29 de julho de 2012

AS BESTAS DE QUIROGA

Flávio Tavares intitula sua coluna no ZH deste domingo de "Batman vive!", defende que o super-herói não pode ter inspirado o atirador de Aurora (EUA), que matou 12 pessoas. "Mas", sempre essa perversa adversativa, "Batman é uma das fantasias do bem que povoam um mundo real de dura competição num país fundado na violência". Tavares culpa a cultura norte-americana, armada e belicosa. Não diz, por exemplo, que um indivíduo meio despirocado das ideias, pode assumir a personalidade do vilão e sair atirando. Lembro que outro massacre também ocorreu no Colorado, na cidadezinha de Columbine (que rendeu o documentário Tiros em Columbine, em que Michael Moore investiga a fascinação dos norte-americanos pelas armas de fogo). Holmes passou-se por Coringa, Tavares cometeu um equívoco. 
Ao lado da coluna do jornalista acima citado, a psicanalista Diana Corso escreve:
"Na falta de conjecturas melhores, Batman, o super-herói do filme, foi levianamente acusado de estar na origem da motivação do evento, e o assassino reforçou essa tendência ao comparar-se ao vilão Coringa". Ela também aponta a paixão dos norte-americanos por armas, exigindo um questionamento. Arremata: "Por que somos tão condescendentes com a realidade e severos com a fantasia?". 
Não nos esqueçamos do que ficou conhecido, no Brasil, como Massacre de Realengo, em que Wellington Menezes de Oliveira invadiu uma escola e matou 12 estudantes. A despeito de ter vencido o referendo de 2005, não há aqui uma paixão pelo armamento, algo que facilitasse esses assassinatos. As armas não estão tão disponíveis.
Não sei por quê, escrevendo esta postagem, me veio à lembrança o conto Galinha degolada, de Horácio Quiroga.  

Nenhum comentário: