terça-feira, 29 de maio de 2012

WORKSHOP (II)

A URI sediou ontem a primeira workshop (a palavra é feminina) sobre o futuro da água em Santiago. As imagens mostradas pelo Rubem Lima, gerente local da Corsan, foram reveladoras, contrárias ao pré-conceito de que a nossa barragem constitui uma fonte de abastecimento inesgotável. Sempre se disse que, em relação à água, os santiaguenses somos privilegiados. A extensa área do leito de pedra e lama seca, não contemplada desde a construção da barragem, desfaz o pré-conceito acima. No entanto, a leitura de que, em 10 anos, esse reservatório há de se exaurir inexoravelmente, não passa de pessimismo catastrofista. A construção de uma nova barragem não está nos planos da Corsan, que deve priorizar outros municípios (cento e poucos), onde os problemas com o abastecimento de água são maiores. Mais execuível é a ampliação da barragem atual, com aumento da barreira de contenção, fechando-se o vertedouro, ou "ladrão". Após a locução do Prefeito Ruivo sobre o impacto de um possível racionamento, as opiniões dos diversos participantes da reunião se bipolarizaram entre a necessidade de se assegurar o abastecimento de água e as questões ambientais. Paroquialistas versus universalistas. A construção civil em nossa cidade não pode parar como medida extrema de racionamento - disseram uns. Para outras indústrias se fixarem aqui, faz-se necessária nova barragem - replicaram outros. Poços artesianos, opinaram uns, são fontes de abastecimento (não apenas em caráter emergencial). Ninguém disse, todavia, que a perfuração de poços artesianos deveria ser proibida dentro do perímetro urbano principalmente. Ainda que não exista legislação a respeito, é muito cedo para buscar sistematicamente essa fonte alternativa. As reservas subterrâneas (lençóis e aquíferos) pertencem ao futuro, não ao presente com sua sanha consumista, com seu potencial poluidor. O debate sobre esse assunto jamais se esgota, mesmo que venha a transbordar nossa barragem com as próximas chuvas.

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