Hoje o Zero Hora, em seu caderno Vida, traz uma ampla reportagem sobre a dismorfia, ou aversão de se olhar no espelho. Parece brincadeira, coisa do excesso de sensibilidade que vislumbrava Nietzsche para os tempos atuais. Ainda que não seja uma doença, 2% da população mundial se assusta (sofre) diante do próprio reflexo no espelho.
Ao folhear um livro, encontro uma foto que tinha como perdida. Sem muita relação com o assunto do parágrafo acima, imagino que a fotografia é como um espelho daquele momento em que me postei ante a câmera, um espelho para ver como eu era ontem. Outro aspecto interessante sobre uma foto consiste no registro de um instante único, que não se repete mais.
Gosto de rever fotos, me emociono com elas. Emoção que aumenta na razão direta do tempo que me separa do fotografado, geralmente de meus antepassados. Não é o caso da foto acima, uma vez que foi tirada há cinco lustros, espelho congelado dos meus 25 anos, ou melhor, de um instante que teve a duração de um click.
Não sofro de dismorfia, sou obrigado a ficar todas as manhãs diante do espelho real, fazendo a barba, procurando alguma espinha ou, como escrevi num poema (incluído no livro da postagem abaixo): lobo-homem// minhas unhas/ crescem/ à noite// quando arranho/ os lençóis/ do sono// a cada manhã/ há um lobo/ no espelho// quando procuro/ os olhos/ do homem.
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