A comissão responsável pela escolha dos nomes que serão homenageados no prolongamento da Rua dos Poetas, entre Benjamim Constant e Júlio de Castilhos, reuniu-se na SMEC. Participaram da reunião, ou como representantes de entidades, ou independentes: Denise Flório Cardoso, Maria Serafini, Eleni Bitencourt, Nélson Abreu, Valdir Pinto, Terezinha Bombassaro, Fernando Nascimento, Tide Lima, Erilaine Perez, Marilda Haag Bernardi e este colunista. Primeiramente, o secretário de Obras apresentou alguns slides sobre o projeto, comparando antes e depois. Em seguida, foi lido o critério a ser observado na indicação: o poeta (ou artista, falando hiperonimamente) devia ter a última data de sua biografia definida. A lei federal 6.454, Art. 1º, diz ser “proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público, de qualquer natureza”. Dessa forma, foram escolhidos Aureliano de Figueiredo Pinto, Adelmo Simas Genro, Oneron Dornelles, Rivadávia Severo, Filinto Charão, Antero Simões, Ney A. Dornelles, Manuel Vargas Loureiro, Guirahy Pozo, Arno Giesler e Eurides Nunes. Três espaços ficarão vagos para homenagens futuras. O leitor há de objetar cheio de razão: um escultor e um músico na Rua dos Poetas! Entre os já homenageados, ele criticara a inclusão de Carlos Humberto A. Frota e Caio Abreu, prosadores por excelência. Agora, juntando-se aos poetas, historiadores e ficcionistas, artistas de outras semioses. Para justificar a escolha da comissão, não é suficiente o argumento de que a poesia tem um significado mais amplo. O leitor crítico precisa aceitar que na Rua dos Poetas há lugar para todos aqueles que se destacaram na produção de alguma forma artística. A complexidade, preconizada por Edgar Morin como paradigma do século XXI, orienta-nos para a inclusão acima.
(Coluna do Expresso Ilustrado desta sexta-feira, 5 de setembro de 2008)
(Coluna do Expresso Ilustrado desta sexta-feira, 5 de setembro de 2008)
9 comentários:
A poesia não é uma forma de encadeamento de palavras, organizadas em colunas ou em linhas...
A poesia é um sentimento, uma paixão, uma energia criadora de lágrimas de tristeza e felicidade...
Já li muitas poesias que não me emocionaram, da mesma forma que apreciei textos que causaram sentimentos inexplicáveis, demonstrando que esses autores eram verdadeiros poetas...
Parabéns pelo texto FROILAM DE OLIVEIRA.
Em mais uma das minhas leituras dos posts passados do teu blog, encontrei "amores".
Simplicidade e complexidade caminhando juntas, e o já marcante desfecho dos teus textos me fazem gostar ainda mais do que escreves.
Gostaria de postá-lo no meu blog, fazendo também um comentário sobre a tua página, mas antes preciso da tua permissão.
Abraço!
Postei o poema no meu blog, mas com essa coisa do blogspot de insistirem em ajustar as coisas, a forma do texto foi um pouco prejudicada.
A saída poderia ser colocar alguns caracteres com a cor do fundo da página pra arrumar, mas o problema é que no meu blog, não tem como fazer isso, por conta do tipo de fundo.
Se souberes de um jeito que eu possa ajustar, posso dar um jeito.
Abraço!
Fala, Froilam! Beleza? Então, penso que esse critério foi de muito mau gosto, afinal, a rua é dos poetas. Daqui uns dias vão estar homenageando um arquiteto, um empresário, um artesão, um mendigo, talvez... Não estou aqui pra criticar teu blog, mas sim a eleição para homenageados da rua dos poetas. Abraço.
Prezado, Froilam: acabei lendo teu comentário no blog do Marcus. Sinceramente, acho irrelevante discutir-se se na Rua dos Poetas devam existir homenagens somente a poetas ou não. O que, na minha opinião, deveria ser discutido é se deve ou não existir uma Rua dos Poetas, levando-se em conta o preço de construí-la. Deveria existir tal rua, se aqui na cidade houvesse, antes, um real incentivo à cultura em seu conteúdo, não em sua embalagem. A Rua dos Poetas é uma embalagem. O conteúdo é o que se produz em literatura. Quantas pessoas produzem literatura em Santiago e não recebem nenhum tipo de auxílio da prefeitura ou de empresas? Eu mesmo não recebi nenhum tipo de apoio para publicar meu livro, ou o zine. Por quê? Por que não tenho padrinhos? Não fosse o trabalho louvável da professora Rosane Vontobel, nem mesmo o Caio Abreu seria valorizado aqui em Santiago. E ele nunca foi, necessitou ir embora da "Terra dos Poetas". E quantos talentos literários podem existir por aí sem que obtenham o mínimo de apoio, não só financeiro, mas moral e intelectual para escrever? Quem faz algo por eles? Em nossa cidade, todos sabem que o Oracy Dornelles manda e desmanda na questão política da cultura. Ele e a quem ele dá respaldo obtêm patrocínios, como se ele ou qualquer outra pessoa pudesse decidir o que é bom ou não, o que SERÁ bom ou não, coisa que só o tempo poderá dizer. O próprio estilo literário de que o Oracy se vale vem sendo bastante depreciado nos meios literários mais diversos. Também tem seus admiradores. Mas só o tempo dirá se ele prevalecerá ou não. Ele, nem ninguém, tem autoridade para afirmar: este poeta terá futuro, porque nem mesmo a obra do Oracy tem esse futuro garantido que ele imagina. Obtenho reconhecimento de minha produção muito mais fora do que aqui em Santiago. Não que isso me garanta futuro literário, é apenas um fato que cito para ilustrar que Santiago não valoriza os seus poetas como deveria para uma terra que se diz deles, dos poetas. Não sou contra a Rua dos Poetas, sou contra a exploração política do fato, porque construir uma rua chama muita a atenção, mas ajudar um escritor iniciante ou formar tais escritores não dá a mesma vitrine política. Se eu tivesse voz política nesta cidade, diria: usem esse dinheiro destinado a ruas e a estátuas para ajudar a gerar aqueles que no futuro poderão fazer a cidade merecer esse pomposo título: "Terra dos Poetas".
Dae, Froilan. Como é que está, amigo? Olha, concordo com a homenagem ao seu Arno Gieseler e ao Ourides Nunes. Santiago tem (e teve) os mais variados artistas e, creio, a Rua dos Poetas torna-se o local a enaltecer todo o tipo de arte. O que se pode definir como poesia? Uma rosa, em si, é uma poesia da natureza. O canto dos pássaros ou o barulho do vento é música da natureza. Assim como é um belo lago ou floresta, arte pura e divina. Portanto, a arte tem muitas ramificações e manifestações, tudo é poesia da natureza, poesia de Deus. Acredito que, acertadamente, a Rua dos Poetas rende-se a outras formas de arte e a outros artistas. Apóio, assino embaixo, levanto bandeirinhas. Sei que a intenção é das melhores e concordo. Com relação ao valor da obra, acho que ela se torna insignificante diante do valor social e da herança cultural que deixa para todos os nossos filhos. Vamos acreditar e vamos apoiar essa iniciativa. Aplaudo a Rua dos Poetas com a certeza de que muitas cidades desse nosso Rio Grande tão Grande do Sul e outros rincões ainda irão louvar a nossa rua e, em pouco tempo, muitos versos serão dedicados a ele. E a própria rua se transformará em POESIA...
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