sábado, 6 de outubro de 2007
WILLIAM SHAKESPEARE
Por falar em Shakespeare, leiam o que Will Durant escreveu acerca do poeta: O que nele mais gostamos é a loucura e a riqueza do seu falar. Tem o estilo da vida que levava, pleno de energia, tumulto, cor e excesso; "nada como o excesso". Estilo às carreiras, sem fôlego; o poeta escrevia a galope e jamais encontrou folga para arrepender-se. Nunca emendou uma linha, nem corrigiu provas; a suposição de que no futuro suas peças seriam antes lidas do que representadas jamais lhe ocorreu. Descuidado do porvir, escreveu com o fogo da paixão. Palavras, imagens, frases e idéias lhe vinham numa inexaurível torrente - e inquieta-nos saber de que fonte brotavam. Ele tem "uma casa-da-moeda de frases em seu cérebro". Homem nenhum dominou tanto uma língua, nem usou-a com maior prodigalidade. Vocábulos anglo-saxônicos, franceses, latinos, palavras de cervejaria, palavras médicas, palavras legais; ligeiras linha monossilábicas e sonoros discursos sesquipedais; eufemismo de damas e grosseiras obcenidades idiomáticas: unicamente um escritor do tempo de Isabel ousaria jogar com semelhante língua. Temos hoje melhores maneiras e menos força. Sim, seus enredos são impossíveis, como notou Tolstoi; os equívocos são pueris, os erros são legião, e a filosofia é de renúncia e desespero. Nada importa. O que importa é que em cada página fulgure a divina energia da alma - e isto nos faz perdoar tudo a um homem. A vida está além da crítica - e Shakespeare é mais vivo que a vida.
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