Hoje caminhei pelo centro de Curitiba. Esse passeio se
tornara uma rotina antes de ir para o Rio Grande do Sul em março. Minha residência
anterior distava uma quadra da Boca Maldita, o coração da capital, lugar em que
encontro alguns conhecidos.
A loja das
Livrarias Curitiba me acolhe como cliente especial. O Luiz se encontrava no
calçadão, a expor seus quadros de ipês carregados de amarelo. O Plá e a Flor,
sua companheira, talvez viessem mais tarde, para vender suas frases
filosóficas.
Sentado num
banco, entre os canteiros de flores, reencontrei um amigo do peito, poeta que
vivifica as palavras com a própria existência. Ele me contou uma história muito
triste sobre seu filho viciado, que o incomoda há dez anos. Estava sem celular
pela décima vez, afanados pelo adotivo para pagar as dívidas da droga. Malgrado
dois infartos, ele desabafou que renasceria com a morte do rapaz, um destino de
médio prazo.
Um tanto
impressionado com seu desabafo, deixei-o ali sob a manhã fechada de sábado. O
homem é boníssimo, mas sofre as consequências de escolhas pretéritas. Menos mal
que essa dor que o atormenta possa se constituir num leitmotiv para sua poesia, metaforizado em doçura.
O movimento na XV era intenso naquela hora da manhã. Milhares de pessoas num ir e vir sem fim, pleno de liberdade. Cada uma delas, todavia, personagem real de um drama maior ou menor, de um drama inimaginável.
Retorno pensativo para casa no Bacacheri, onde resolvo escrever esta crônica. Assim penso demonstrar textualmente minha empatia, meu ser-aí (no sentido hegeliano) propenso à intersubjetividade.
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