Amanhã era um grande dia santo há quarenta anos. Dia em que o calendário católico atribuía a todos os santos da santa igreja. Impresso em vermelho. Mais tarde, libertando-me do condicionamento nefasto (para uma criança), tomei conhecimento que outras religiões cristãs condenam isso que chamam de idolatria. Santo nenhum. Ainda que não saiba Matemática, a lógica me fascina, algo que meu intelecto desenvolveu para resolver certas contradições. Entre a dialética e a "navalha de Occam". Cultuar todos os santos (tese) ou não cultuar santo algum (antítese)? Não há meio termo (síntese). Aliás, as duas doutrinas são equivocadas, negam-se pela contradição. Os católicos devem se perguntar por que este dia deixou de ser grafado em vermelho.
Diferentemente, dia 2, depois de amanhã, continua vermelhíssimo. Dia de Finados. Mais uma vez, digo o que penso de outros dias especiais (das mães, dos namorados, das crianças ...): uma brincadeira que levam a sério, principalmente para movimentar o comércio. O dia dos mortos, convenhamos, não tem esse caráter mercadológico. Apenas flores, flores vivas que são cultivadas e cortadas para tal fim (murchar sobre as tumbas). O papa instituiu esse dia para que os vivos rezassem pelos mortos. Rezassem, rezassem e rezassem. Essa reza toda daria sustentação à doutrina do purgatório.
Minha mãe faleceu há três ano e meio. Ainda choro pelo seu sofrimento nos últimos dias, mais dolorosamente na UTI do Hospital do Câncer. Segunda não irei ao cemitério para acender velas ou depositar flores em seu túmulo. Minhas lágrimas substituem as flores e meus pensamentos substituem as velas. Para as lágrimas e pensamentos não há dia marcado para acontecer. Acontecem com muita frequência, como agora (11 horas). Caso existisse o outro lado da vida, minha mãe não necessitaria que eu rezasse para ela, sua alma era boníssima e nunca blasfemou contra o Espírito Santo.
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