sábado, 2 de fevereiro de 2008
BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS
Alguns chavões retóricos revelam o catastrofismo de Boaventura de Souza Santos, sociólogo português, na introdução de seu Um discurso sobre as ciências. Prova-o as afirmações vagas do autor de que o século XXI "começa antes de começar" ou "termina antes de começar". Prova-o a relação forçada entre "os perigos cada vez mais verossímeis da catástrofe ecológica ou da guerra nuclear" e, de acordo com Boaventura, o "tempo de transição" em que vivemos no presente (há quinze anos do final do século XX). Em 1985, a única transição que o mundo experimentava era para o fim da guerra fria e da ameaça nuclear. Nesse ano, foi lançado na União Soviética o plano de transformação, denominado Glasnost e Perestroika, graças a Mikhail Gorbachev. Passados vinte e poucos anos, ainda não sofremos uma catástrofe ecológica em âmbito planetário. O aquescimento global poderá desencadeá-la futuramente. O século XXI iniciou-se exatamente na passagem do ano 2000 e terminará exatamente cem anos depois, com ou sem o relativismo interpretativo do sociólogo português.
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