sábado, 31 de outubro de 2009

JAMES WEBB


Uma das maiores descobertas do século XX ocorreu em 1929, com Edwin Hubble: o Universo se encontra em expansão. Somente a partir desse feito científico, a teoria do Big Bang pôde se desenvolver com maior precisão. Em homenagem ao astrônomo estadunidense, o grande telescópio espacial colocado em órbita no ano de 1990 foi denominado de Hubble. Depois de grande contribuição, já se aproximando do fim de sua vida útil, o telescópio será substituído pelo James Webb Space Telescope (JWST).
James Webb foi administrador da Nasa e liderou o programa Apollo.
Funções do JWST:
- captar a radiação infravermelha resultante da Grande Explosão;
- observar a formação das primeiras galáxias e estrelas;
- estudar a evolução das galáxias;
- ver a produção de elementos pelas estrelas...

TODOS OS SANTOS, FINADOS

Amanhã era um grande dia santo há quarenta anos. Dia em que o calendário católico atribuía a todos os santos da santa igreja. Impresso em vermelho. Mais tarde, libertando-me do condicionamento nefasto (para uma criança), tomei conhecimento que outras religiões cristãs condenam isso que chamam de idolatria. Santo nenhum. Ainda que não saiba Matemática, a lógica me fascina, algo que meu intelecto desenvolveu para resolver certas contradições. Entre a dialética e a "navalha de Occam". Cultuar todos os santos (tese) ou não cultuar santo algum (antítese)? Não há meio termo (síntese). Aliás, as duas doutrinas são equivocadas, negam-se pela contradição. Os católicos devem se perguntar por que este dia deixou de ser grafado em vermelho.
Diferentemente, dia 2, depois de amanhã, continua vermelhíssimo. Dia de Finados. Mais uma vez, digo o que penso de outros dias especiais (das mães, dos namorados, das crianças ...): uma brincadeira que levam a sério, principalmente para movimentar o comércio. O dia dos mortos, convenhamos, não tem esse caráter mercadológico. Apenas flores, flores vivas que são cultivadas e cortadas para tal fim (murchar sobre as tumbas). O papa instituiu esse dia para que os vivos rezassem pelos mortos. Rezassem, rezassem e rezassem. Essa reza toda daria sustentação à doutrina do purgatório.
Minha mãe faleceu há três ano e meio. Ainda choro pelo seu sofrimento nos últimos dias, mais dolorosamente na UTI do Hospital do Câncer. Segunda não irei ao cemitério para acender velas ou depositar flores em seu túmulo. Minhas lágrimas substituem as flores e meus pensamentos substituem as velas. Para as lágrimas e pensamentos não há dia marcado para acontecer. Acontecem com muita frequência, como agora (11 horas). Caso existisse o outro lado da vida, minha mãe não necessitaria que eu rezasse para ela, sua alma era boníssima e nunca blasfemou contra o Espírito Santo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

AVE MARIA DE GOUNOUD

Dez para o suingue de Jorge Aragão. Clica aqui se concordar comigo.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LIVRO, LIVROS E LIVROS


Desde ontem, uma carreta cheia de livros encontra-se estacionada na rua Neri Gomes Peixoto, ao lado do Colégio Medianeira. Consta no cartão de visita: EDUCAR PRODUÇÕES CULTURAIS LTDA - Projeto Cultura nas Estradas. Há uns cinco anos, visitei essa livraria sobre rodas em Pinhal. Os vendedores são meus conhecidos agora.
Antes de fazer esta postagem, resolvi ir lá para saber do movimento. Não foi necessário perguntar aos rapazes, uma vez que pude ver, com certa surpresa, o número de pessoas que ali se encontravam como clientes em potencial. A estante de livros infantis era a mais visitada, o que é muitíssimo bom. Uma senhora do meu lado, professora, falava para outra de sua preferência pela literatura espírita.
Muitos livros compraria se o dinheiro pesasse no meu bolso. Sou um bibliófilo obrigado a dominar meu desejo de consumo, contentando-me, desta vez, com o último e polêmico romance de José Saramago (ilustração acima). Caim começa assim:
"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo".
Esse excerto também é transcrito na contracapa do livro.
O site da livraria é www.culturanasestradas.com.br
Vocês irão gostar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UM PAPA FUTURO...

A maioria católica ainda acredita no limbo (lugar para onde vão as almas das crianças que morrem antes de serem batizadas). Nenhum fiel ao catolicismo que se preze ousaria duvidar da existência do limbo até há pouco tempo. Caso alguém se propusesse a questionar essa doutrina, certamente, teria que enfrentar os “fundamentalistas”. O coitado aguentaria o riso debochado, a ameaça que sempre pairou contra os espíritos livres, filósofos e cientistas.

Não faz muito, o papa Bento XVI acabou com o limbo. Os teólogos se reuniram no Vaticano, um canetaço e... fim. Richard Dawkins pergunta para onde foram as almas dos inocentes que lá estavam. Pergunto para os católicos, que já sabem da não-existência do limbo, qual a desculpa, qual a reparação pelo tratamento preconceituoso que tive por ser ateu.

Com a abolição do limbo, não demora para o purgatório ser questionado pelas próprias autoridades daquele Estado eclesiástico. Afinal, a justificativa para esse entreposto das almas existir é a consequência, isto é, o fato de se rezar para os mortos. Sem o purgatório, não haveria razão para todas as rezas do mundo católico que visam interceder pela salvação daqueles que morreram. As almas iriam diretamente, ou para o céu, ou para o inferno. Dawkins escreve mais ou menos isso em Deus, um delírio.

Minha esperança (sentimento que, mesmo estando aquém, transcende a acepção religiosa) é de que um papa no futuro venha a abolir o purgatório. Mais no futuro ainda, outro pontífice decrete o fim do céu e do inferno. Ele será acusado de personificar o Anticristo. A Igreja Católica ruirá definitivamente.

O tempo desperdiçado com a crença no limbo não é nada comparado aos séculos e séculos em que se teve medo, em que se rezou pelos mortos, em que se escreveu, em que se ensinou sobre o purgatório. Dois, três ou quatro milênios já se perderam de crença num céu e num inferno.

Obviamente, o que escrevi acima deve ser ignorado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

GRATA SURPRESA

Dalton e Clarisse, pai e filha, vieram dividir a mesa conosco no aniversário da Natália. Com a apresentação, fico sabendo que ele é advogado (amigo do Lelo), e ela, psicóloga. Diversos assuntos logo vieram à baila, entre os quais juventude e narcisismo secundário. Dalton passou a falar de sua leitura atual: Deus, um delírio, de Richard Dawkins. Depois de ouvir seus elogios ao livro, disse-lhe que já havia lido O gene egoísta, O rio que saía do Éden e O relojoeiro cego do mesmo autor. Nossa conversa foi interrompida pelo protocolo, mas o fato de ter encontrado um leitor de Dawkins me deixou surpreso.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A REVOLUÇÃO PELA CULATRA

(Destaco um excerto do artigo de Percival Puggina do Zero Hora de ontem, domingo.)
[...] Essa pedagogia falsamente dialéctica, que se apropriou da educação para construir uma hegemonia ideológica, com fins políticos, converteu a escola em território livre, onde não se admite autoridade externa. Os porta-vozes dos professores denunciam como brutalidade qualquer tentativa de estabelecer parâmetros curriculares e de cobrar resultados desse reduto do não saber e do não ensinar. Prioritário, ali, é "construir a cidadania", sabe? Mas, como era de se antever, o Estatuto da Criança e do Adolescente, cujos excessos são frutos da mesma ideologia malsã, acabou com a disciplina. E os educadores formados segundo essa pedagogia estão sendo vítimas do que aprenderam, sofrendo nas mãos dos alunos que pretendiam "transformar" em cidadãos comprometidos com suas causas.[...]

sábado, 24 de outubro de 2009

A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI

Fui convidado a participar do IV Seminário Regional de Educação e Letras, realizado pela UNOPAR de Santiago. Tema: A Educação do Século XXI. Data: 5 a 7 de novembro de 2009. Local: auditório do Centro Empresarial. Este ano, discorrerei sobre "Hipertexto - leitura e escrita", fundamentado em Pierre Lévy, L.A. Marcuschi, A.C. Xavier, F. C. Komesu, J.C. Araújo, entre outros pensadores e linguistas da atualidade. Em Cibercultura, capítulo X, A nova relação com o saber, Lévy escreve o seguinte: "Qualquer reflexão sobre o o futuro dos sistemas de educação e de formação na cibercultura deve ser fundada em uma análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber". No ano passado, o tema da minha palestra foi "Paradigma da (a)normalidade". Inscrições: secretaria da Universidade no Colégio Medianeira. Informações: 32511359 ou Ins054@unoparvirtual.com.br

ANÔNIMO, ÚLTIMA VEZ

abriendo puertas y ventanas disse...
Froilam, agora estou brava - e com vc. Não dê espaço, não perca tempo, não se perca, não dê resposta para comentários anônimos. Vc é muito maior que isso. A pessoa é recalcada e sente inveja. Não merece resposta tua.
A partir de hoje, seguirei o conselho acima, da Dayana Pessota, recusando todo comentário anônimo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ANÔNIMO, OUTRA VEZ

Meu comentarista anônimo não desiste, está de plantão à frente de seu computador. Para me provar que a ideia de substituir o termo "astrologia" por "astromancia" (mais adequado) não é minha, foi ao Google e digitou astromancia. Apenas na página 11, o turrão pesquisador encontrou o que queria: http://aapsar.blogspot.com/2008_07_01_archive.html
"O filósofo austríaco-britânico Karl Popper (1902-1994) afirmou coerentemente que a Astrologia era uma pseudociência. O fato, é que a Astrologia deveria ser chamada de “Astromancia”, que é o destino das pessoas através dos astros. Sua existência vem há mais de cinco mil anos, onde era praticada pelos povos sumérios; caldeus; assírios e babilônicos. Atualmente, a Astrologia lida com uma enorme variável de interpretações e de compensações, chegando inclusive no campo Psicologia com programas de computadores que identificam traços de caráter e personalidade das pessoas em função de mapas astrais."
Será que é ele que está te plagiando?
Seu trabalho se resumiu a copiar e colar, fazendo essa pergunta ridícula no final do comentário.
Novamente, transcrevo o início da minha postagem: Outras duas ideias que julgo serem minhas (até prova em contrário). Até prova em contrário... Caso se tratasse de plágio, obviamente, não seria do filósofo Karl Popper (por uma diferença de "fuso horário"). Da minha parte, também não, uma vez que nunca li Popper.
Na postagem imediatamente anterior, eu concluíra que sinto um pouco de orgulho saber que eminentes cientistas (e filósofos) já haviam pensando o que penso por conta própria. Isso me ocorreu com a ideia de um multiverso, vários big bangs, formando universos físicos, não esses universos platônicos, espirituais...
A propósito, passarei a ler Popper. Para ser mais preciso, já li a seguinte apreciação sobre esse filósofo da Ciência: "Popper debruçou-se intensamente com a teoria marxista e com a filosofia que lhe é subjacente, de Hegel, retirando-lhes qualquer estatuto científico".
Sem ressentimento, agredeço ao comentarista anônimo por provar meu equívoco. Desculpo sua imaturidade ao insinuar quem plagiou quem. Da próxima vez, identifique-se, para ampliar o debate que já mantenho com o Alessandro Reiffer.

ANGEL E (DEMÔNIO) ANÔNIMO

A postagem abaixo provocou o seguinte comentário da blogueira Angel (Anjos sem asas):
Lindo e poético. Também gosto das manhãs de outubro. Interessante é que também fiz uma postagem com o mesmo título que você usou. Acho que somos seres contemplativos e que gostamos de apreciar a beleza da natureza em todos os seus matizes, especialmente quando a própria natureza parece sorrir. É o caso das manhãs de outubro.
Abraço!
Angel
Comentários como esse consistem no melhor incentivo para que eu continue a escrever. Penso que todos os que escrevem, independentemente do gênero, esperam por aquilo que Bakhtin chamou de "atitude responsiva ativa".
Diferentemente, outro comentário rebate a postagem Outras ideias, em que escrevi o seguinte:
Caim e Abel são representações de duas clãs, tribos ou povos primitivos que se ocupavam, respectivamente, com o cultivo da terra e com o pastoreio.
Alguém comenta anonimamente:
É no mínimo um pouco arrogante achar que foi a primeira pessoa no mundo a tomar como simbólico o mito de Caim e Abel. Entre tantos autores, não preciso ir muito longe, Paulo Stekel nos dá pistas sobre a origem do mito. O nome de Caim geralmente está ligado ao verbo "qanáh" ou "aquele que foi produzido". Enquanto Abel, do hebreu "Hêvel" que dizer "aquele que foi soprado". Abel era o espírito, Caim a matéria. Caim matou Abel, a matéria sufocou o espírito. Aí está a conotação.
Já li Paulo Stekel. Conversei com ele, quando veio lançar seu livro em Santiago. Para esse estudioso, tudo o que está escrito na Torá é simbólico, inclusive a história de Caim e Abel. Meu comentarista anônimo (forma abominável de interagir), ao me acusar de arrogante, demonstra a própria ignorância em interpretar. Por acaso, intitulei-me autor da simbologia que remete à oposição espírito x matéria? Na postagem supracitada, anotei "Outras duas ideias que julgo serem minhas (até prova em contrário)". Qual ideia? A que relaciona Caim e Abel com clãs, tribos ou povos primitivos, uns agrícolas e outros pastores.
Certas pessoas em Santiago, desde que comecei a escrever para o Expresso Ilustrado e, mais recentemente, neste espaço eletrônico, não suportam um sentimento repulsivo (talvez inveja, complexo de inferioridade intelectual...), que lhes incomoda bastante. Por isso, procuram em mim algum defeito, como a arrogância acima insinuada. Poderia até ser arrogante na defesa que faço do conhecimento, da ciência, contra qualquer interpretação sobrenatural da realidade, como essa feita por Stekel de que Caim é matéria e Abel é espírito. Um absurdo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

MANHÃS DE OUTUBRO

Não sei inteiramente por que as manhãs de outubro são as mais belas do ano. As manhãs de abril chegam muito perto, talvez pela posição diametralmente oposta do planeta em sua órbita em torno do Sol. Já pensei numa explicação mais ou menos plausível. Em nenhuma outra época do ano, a cobertura natural da Terra (campos e matas) se apresenta mais intensamente colorida. Os matizes da primavera, especialmente em outubro, refletem com maior intensidade a oblíqua luz solar. A atmosfera fica mais iluminada. Desde menino, fui dado à contemplação. Gostava de ver o trigal do meu pai quase lourando, a formar ondas sob o vento brando (ou zéfiro). Outras vezes, subia ao alto de um morro, onde ficava a olhar a serra que se estendia ao sul. Verde em seu começo e azul em suas linhas distantes. As lavouras formavam um mosaico de cores estendido pelos vales e encostas. Mais tarde, o trigo deixou de ser cultivado, com a chegada da soja. As manhãs de outubro, todavia, persistiam com uma claridade indescritível. Ainda que me afastasse do Rincão dos Machado, continuavam lindamente azuis. Em Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Curitiba, sempre as percebia nos ipês floridos ao longo das avenidas; acima do Redenção, da Floresta da Tijuca ou do Barigui; delimitadas pelos ângulos e retas dos arranha-céus. Em vista disso, devo rever minha tese? Não que eu esteja equivocado, contrariado com as manhãs cinzentamente frias que prevaleceram neste mês. O efeito do El Niño poderá continuar até o fim de outubro, mas tal fenômeno não me fará perder o espírito contemplativo.

­­­­­­­­­­­­­­­­Aos leitores que “dialogam” comigo, entre os quais Ivanor Canabarro e Paulo Meirelles de Oliveira, dedico a crônica acima – uma pausa agradável nos contrapontos anteriores.
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A postagem acima não é uma repetição de outra que fiz abaixo. Fiz uma cuidadosa reescritura (sempre necessária e nunca definitiva), com um pequeno acréscimo. Mais uma vez, defendo este ambiente como um laboratório textual. No primeiro estágio da produção utilizo papel e caneta (pré-Gutemberb); no segundo, digito no Word (com tantas cópias quanto exigir cada revisão); no terceiro, edito no meu blog; no quarto, publico no Expresso; no quinto, pretendo reunir meus textos num livro. Ainda pertenço à era do papel e da tinta, o livro impresso continua insubstituível.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

GRANDE, SARAMAGO


O Segundo Caderno do Zero Hora de hoje traz uma matéria com José Saramago, que acaba de lançar o romance Caim. Comprou briga com a Igreja Católica ao dizer que "A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálago de crueldade e do pior da natureza humana", ou que "Deus não existe fora da cabeça das pessoas que nele creem". O nobel de Literatura qualifica o deus bíblico de "cruel, invejoso e insuportável".

(O livro Deus, um delírio, de Richard Dawkins, diz isso e trezentas coisas mais.)

Como acreditar numa história (mito, lenda, seja lá o que for) que principia com uma desobediência e um fratricídio?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CACHINHOS DOURADOS


Cientistas europeus anunciam a descoberta de 32 exoplanetas. O mais interessante é saber se eles se encontram numa zona chamada de "Cachinhos Dourados". Desafio meus visitantes a comentarem sobre o que significa "Cachinhos Dourados".

SÍSIFO

todos os dias
rolo
minha pedra

inflamado
os ossos
da esperança

a vida
é constante
tirocínio

sísifo
do começo
ao fim


sábado, 17 de outubro de 2009

DESCUIDO IMPERDOÁVEL

No Bom Dia, Brasil de ontem, acompanhei a reportagem do bebê que caiu nos trilhos de uma estação de Melbourne (Austrália). A mãe chega à plataforma e, enquanto conversa com outra pessoa, solta o carrinho, que anda sozinho e cai nos trilhos alguns metros à frente do trem que se aproxima. Apesar de o motorista diminuir a velocidade da máquina, o choque foi inevitável. Arrastado por uns 30 metros, o frágil rebento sofreu apenas uma contusão na testa.
O Zero Hora de hoje pormenoriza o acidente, classificando o fato do bebê não ter sido esmigalhado pelo trem de milagre. Obviamente, o autor da matéria não empregou o termo no sentido religioso, indicando a participação divina. (Noutra postagem, pretendo escrever sobre a diferença entre milagre, sorte e acaso.)
Nossa constituição genética, antes da moral, é feita de maneira a despendermos todos os esforços na preservação da vida. Somos capazes de gestos de extremado altruísmo para que um indivíduo jovem da nossa espécie seja salvo. A própria espécie corre o risco de sucumbir sem esse salvamento.
Por isso, justificam-se os comentários de indignação de meus colegas que se encontravam presentes, assistindo à referida reportagem. A despreocupada mãe, segundo os mais exaltados, deveria atirar-se à frente do trem na tentativa de salvar o filho. Seu descuido é imperdoável.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ARTE QUE EMOCIONA

Fui a um almoço na sede da Reiuna nesta sexta-feira. Depois das breves palestras, Montano Borges fez uma apresentação das melhores músicas nativistas (mais uma vez, pedi a ele que cantasse Coplas de assoviar solito). Em seguida, o locutor anunciou uma grande dançarina: Verônica Ramos (uma linda menina de 9 anos). Seu número com as boleadeiras mescla um alto grau de habilidade e beleza. Com Tcherry Oliveira, ela encenou "Faz um milagre em mim". Não obstante ser o único ateu no recinto, molhei os olhos de emoção.
Verônica e Tcherry ganharam o primeiro lugar no estilo livre num festival de dança em Itaqui (a Vívian Dias informa isso em seu novo blog, http://infinitaeincomum.blogspot.com/). No dia 14 de novembro de 2009, eles se apresentarão no III Santiago Latinoamericano.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

COMENTÁRIOS DIVERSOS

EXPOSANTIAGO - Sexta-feira, 20 horas, todo o barulho ouvido dos estandes de automóveis e parque não correspondia ao movimento interno, muito fraco. Pouca gente visitando os expositores. A maioria estava na "praça de alimentação". Minhas sugestões: 1) o evento deve ser bianual; 2) ingressos a um/dois reais (há quem defende ingresso gratuito); 3) os shows devem realizar-se mais cedo, sem intervalos abissais; 4) com ligeiras modificações, o Festival de Música pode continuar no mesmo local (com uma postura mais adequada daqueles que ali comem e bebem). Não penso que isso seja suficiente para repetir o sucesso de edições anteriores. A queda é uma tendência, independentemente do esforço dos responsáveis pela organização da feira.
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O PIOR FUTEBOL - Os dois últimos jogos da seleção brasileira de futebol, já classificada para a próxima copa na África do Sul, permite uma avaliação nada auspiciosa deste blogueiro realista. Desde 1970, ano em que passei a acompanhar o futebol, estou convicto que a equipe atual é a pior seleção das últimas quatro décadas. O mesmo é válido para a Argentina. A propósito, Grêmio e Internacional constituem a regra.
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TV ESCOLA - Enquanto escrevo estes comentários, a televisão está ligada às minhas costas. Ouço a voz do dublê de Carl Sagan descrevendo estrelas e galáxias. A TVEscola repete diariamente essas lições de astronomia. Uma pena que a maioria dos brasileiros prefere a novela da Globo, o Ratinho no SBT, R.R.Soares na Bandeirante...
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ORAL ROBERTS - Nos Estados Unidos, há um televangelista chamado Oral Roberts. Escreve Richard Dawkins: "Oral Roberts, que tem um nome bem adequado, disse uma vez à sua audiência que Deus o mataria se ele não lhe desse 8 milhões de dólares. É quase inacreditável, mas funcionou. Livres de impostos! Roberts continua com a corda toda, assim como a 'Universidade Oral Roberts' de Tulsa, Oklahoma. Suas instalações, estimadas em 250 milhões de dólares, foram encomendadas pelo próprio Deus".
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CONTRADIÇÕES BÍBLICAS - Para aqueles que levam a Bíblia a sério, transcrevo o seguinte excerto desmistificador de Dawkins: "Será que essas pessoas chegam a abrir o livro que acreditam ser a verdade literal? Por que não percebem essas (estas) contradições tão evidentes. Um literalista não devia se preocupar com o fato de Mateus rastrear a descendência de José do rei Davi por 28 gerações intermediárias, enquanto Lucas fala em 41 gerações? O pior é que quase não há coincidências nos nomes das duas listas! De qualquer jeito, se Jesus nasceu mesmo de uma virgem, os ancestrais de José são irrelevantes e não podem ser usados para fazer cumprir, a favor de Jesus, a profecia do Antigo Testamento de que o Messias deveria ser descendente de Davi".
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UMA GRANDE POLÊMICA - Amanhã, minha coluna no Expresso Ilustrado mantém-se coerente com a sua principal característica, a desmistificação da realidade. Desta vez, sigo os passos de um dos melhores articulistas do Zero Hora: Flávio Tavares. Isso não significa que eu não tenha uma ideia própria sobre qualquer assunto. Este blog prova minha independência intelectual, basta clicar na barra de rolagem e ler todas as postagens. A citação, o argumento de autoridade, insistem os academicistas, torna minha opinião mais epistêmica.

OUTRAS IDEIAS

Outras duas ideias que julgo serem minhas (até prova em contrário):
- Caim e Abel são representações de duas clãs, tribos ou povos primitivos que se ocupavam, respectivamente, com o cultivo da terra e com o pastoreio.
- Astrologia não é um nome adequado para a pseudociência que acredita na influência de planetas e estrelas distantes no destino de indivíduos humanos. O correto é "astromancia".

SOBRE A DIFÍCIL ORIGINALIDADE

A leitura de Deus, um delírio já me causou uma pequena frustração e uma alegria ao mesmo tempo. Até hoje, considerava-me como autor exclusivo da ideia de que o universo não se limita a um único big bang, constituindo-se essa "grande explosão" a repetição de um fenômeno gerador de "universos".
Na página 197 do livro de Richard Dawkins, leio
"Nosso tempo e espaço realmente começaram no nosso big bang, mas foi apenas o mais recente numa longa série de big bangs, cada um iniciado pelo big crunch que encerrou o universo anterior da série".
Dawkins cita os físicos Martin Rees e Leonard Susskind, os quais sustentam a existência de um multiverso (ou megaverso).
Dessa forma, perco o status de originalidade que imaginava usufruir - o que me frustra um pouco. Em contrapartida, enche-me de orgulho saber que eminentes cientistas já haviam elaborado teoricamente o que julgava ser o produto excêntrico da minha imaginação.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

GRANDE POLÊMICA

Uma grande polêmica foi instituída no país a partir da escolha do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016. As lágrimas do Presidente Lula demarcaram o ponto inicial do lado que se posiciona a favor. Os R$ 120 milhões desembolsados apenas para promover a escolha da cidade brasileira junto ao Comitê Olímpico Internacional, em contrapartida, demarcaram o outro lado. O gesto do presidente foi acompanhado (via satélite) pela maioria de telespectadores ufanistas. Os gastos iniciais, bem como outras despesas de bilhões e bilhões, em contrapartida, não foram e não serão divulvados por dois motivos. Primeiro, isso daria farta munição discursiva aos contrários. Segundo, a transparência não constitui definitivamente o caráter de nossos políticos e administradores.
Para a realização do Pan-Americano (2007), as despesas orçaram em três vezes mais que o previsto, já computados os 18,4 milhões desviados pelo coordenador das obras em âmbito federal. A propósito, esse cidadão (sic), condenado pelo TCU, volta ao cenário como integrante da comissão organizadora dos jogos olímpicos. Para a Copa do Mundo de Futebol, os investimentos deverão ser trezentas vezes maiores (bola lançada às costas dos estados pelo presidente). Para as Olimpíadas, os gastos extrapolarão mais trezentas vezes.
A vila construída para o Pan encontra-se (ou perde-se) desocupada. Depois de 2016, qual será o destino das construções exclusivas para os jogos olímpicos? Certamente, uma área nobre como a Barra da Tijuca, por exemplo, não será entregue aos plebeus, aos favelados.
As outras sedes no passado recente (Los Angeles, Seul, Barcelona, Atlanta, Sidney, Atenas e Pequim) são cidades ricas, sem as favelas numerosas e gigantescas (não necessariamente nessa ordem) que se mesclam à "cidade maravilhosa".
À exceção dos Estados Unidos (1994 e 1996), nenhum país sediou a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas na sequência. O Brasil será sede dos dois maiores eventos esportivos do planeta em 2014 e 2016.
O argumento principal a favor das Olimpíadas aqui, em território brasileiro, paradoxalmente, revela-se o mais fraco e quase insustentável: nosso país se insere ao clube dos grandes, em âmbito internacional.
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Lendo o Zero Hora de domingo, percebi mais claramente a grande polêmica já iniciada pelos colunistas Flávio Tavares e David Coimbra. Escrevi a postagem acima motivado pelo artigo esclarecedor de Flávio Tavares.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DEUS, UM DELÍRIO


Amanhã devo receber o livro Deus, um delírio, de Richard Dawkins. Depois de O gene egoísta, O rio que saía do Éden e O relojoeiro cego, minha expectativa é grande.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SINAIS DE CANSAÇO

Por falta de refrigeração, meu computador queimou um chip da placa-mãe. Antes a máquina do que o pai (aqui). Desde domingo, estou sem internet em casa. Descanso forçado, oportuno (devo reconhecer). Andava sem motivação para blogar. A propósito, nossa blogosfera dá sinais de cansaço.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

COPA E OLIMPÍADAS

A escolha de uma cidade brasileira para sediar as Olimpíadas de 2016, de repente, fez o nosso presidente mudar o discurso: os estados é que bancarão as reformas exigidas pela Fifa para a Copa do Mundo de Futebol. O Rio Grande do Sul, por exemplo, terá que reformar o Beira-Rio. A despeito de ser a obra mais barata em Porto Alegre, eu e a torcida do Grêmio somos contra desde muito. Brincadeeeeira! Não acredito, para falar sério, que construirão um metrô em nossa capital até 2014. Rio de Janeiro já conta com esse meio de transporte, devendo ser ampliado para as Olimpíadas. ...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

[...]

Para Jean Cocteau, poeta, romancista, cineasta, dramaturgo e ator francês, "escrever é matar algo inerente à própria morte". Penso que toda arte propicia transcendência àquele que se destaca com alguma forma de produção estético-cultural. Exemplo: Mercedes Sosa.

ALINHOS E DIVERGÊNCIAS

Na postagem abaixo, editada no sábado, usei o termo "desmancha prazer". No domingo, li no artigo do Flávio Tavares (Zero Hora), algo equivalente: "estraga festas". No mesmo sentido, empregamos tais expressões para nos salvaguardar de uma postura desnecessariamente crítica ante o estado de euforia nacional.
Semelhante cuidado não teve Paulo Santana, que pegou pesado, esculhambou geral, indignado com o possível gasto com as Olimpíadas: 200 bilhões de reais.
Sérgio da Costa Franco escreveu o melhor artigo da edição de domingo: Má companhia.
"[...] E aí entra em cena o atual tutelado e protegido do presidente Lula, o fulano Zelaya, grande latifundiário, de família "nobre", a qual desde muito figura nos anais daquela hilariante República. Em março deste ano, incorporando talvez o "santo" do general Carias Andino, o presidente Zelaya baixou decreto convocatório de uma consulta popular para alterar as referidas normas da Constituição vigente. O Ministério Público estrilou e pediu ao Judiciário a declaração de nulidade do decreto, o que foi deferido. Depois de desobedecer ao Judiciário e insistir na irregular consulta, Zelaya foi denunciado por vários crimes de responsabilidade perante a Suprema Corte, que aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva do presidente [...]. Parece certo que Roberto Micheletti, presidente do Congresso hondurenho, não pode ser chamado de "golpista", como o estão rotulando Lula e seus assessores de política externa. O máximo que se lhe pode imputar é o desrespeito ao "fair play" dos oligarcas, quando despachou Zelaya de pijama para um país vizinho [...] Pela brilhante tradição de sua política externa, o Brasil não podia juntar-se à má companhia dessa figura de golpista desastrado, agora alojado indevidamente na embaixada brasileira, num episódio sem precedentes na história diplomática mundial."
Meu amigo Ivan Zolin, no entanto, discorda em dois pontos:
1) A educação no Brasil está uma maravilha;
2) Zelaya é a própria personificação da democracia.
(Sua posição é bastante definida nos comentários feitos nas postagens abaixo.)

sábado, 3 de outubro de 2009

BRASIL NO PÓDIO

Depois da postagem que fiz abaixo, confesso que não tenho vontade de escrever outra coisa. Corro o risco de tornar cinzenta esta página que, por um momento, foi azul.
Leio os jornais e me decepciono. Pronto, acinzentou-se meu dia. Agora necessito dizer isso, partilhar com meu visitantes sobre a charge do Iotti, por exemplo. Página 21 do Zero Hora deste sábado.
Por favor, não pensem que endossarei esse contraponto do chargista. Pelo meu id, faria isso. Meu superego não permite tamanha loucura.
Num momento em que a nação comemora mais uma conquista, com a escolha do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016, não bancarei o "desmancha prazer". Respeitarei as lágrimas e o discurso do presidente.
Caso o leitor não tenha decodificado a palavra da tabuleta, transcrevo-a: EDUCAÇÃO.
Olimpíadas, Copa, Pré-Sal... temos muitas coisas boas, ótimas, extraordinárias que elevam o nosso Brasil ao pódio internacional.
Educação? Não tem mais jeito mesmo. No fundo do poço, a única alternativa que nos resta é tirá-la de lá. O século XXI será destinado a essa empresa gigantesca. Primeiro, faremos a Copa, as Olimpíadas, muito alarde com o petróleo nas profundezas do mar (ou da Terra) e milhões de outras.
Assim é fácil ser otimista.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

MANHÃS DE OUTUBRO


Nunca consegui entender por que as manhãs de outubro são as mais belas do ano. As de abril chegam muito perto, talvez pela posição diametralmente oposta do planeta em sua órbita em torno do Sol. Já cheguei a pensar numa explicação. Em nenhuma outra época do ano, a cobertura natural da Terra (campos e matas) se apresenta mais intensamente colorida. Os matizes da primavera, especialmente em outubro, refletiriam a oblíqua luz solar para a atmosfera. Desde menino, fui dado à contemplação. Gostava de ver o trigal, verde ou lourando, a formar ondas sob o vento brando (zéfiro). Mais tarde, o trigo deixou de ser cultivado. As manhãs de outubro, todavia, continuaram com uma claridade indescritível. Ainda que distante do Rincão dos Machado (em Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Curitiba), elas continuavam tão claras e azuis. Devo rever minha tese? Não que eu esteja errado, contrariado com a manhã completamente cinza deste primeiro dia do mês. O efeito do El Niño poderá se alongar até o fim de outubro, mas tal fenômeno não me fará perder o espírito contemplativo.
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Dedico a postagem acima aos poetas que visitam meu blog.