Um dos sonhos da minha adolescência
contemplava Curitiba como a cidade em que gostaria de morar um dia. (O país era
o Canadá.) Naqueles anos, sequer havia atravessado o Uruguai, o Pelotas ou o
Mampituba, não tendo uma justificativa para a minha escolha.
O tempo passou. Com ele, passei alguns
trechos inesquecíveis. No Rio de Janeiro, algumas cidades me foram oferecidas
para exercer a nova profissão. Não vacilei ao fazer a escolha: Curitiba. Pelo
caminho mais reto possível, o sonho virou realidade.
Meados dos anos oitenta, a capital do
Paraná ostentava epítetos interessantes: Cidade Sorriso; Capital Ecológica...
Ela fora administrada por Jaime Lerner, grande urbanista que reestruturou a
cidade (fazendo-a turisticamente mais atrativa). Não me cansava de elogiá-la
para os meus conterrâneos gaúchos.
Curitiba foi meu único endereço ao longo
de nove anos. Nela vivi grandes momentos da minha vida profissional, intelectual
e emocional (ainda que seja possível separar tais categorias existenciais). No
ano de 1994, fui embora da cidade, transferido para o Mato Grosso do Sul e de
volta à terra natal na sequência. Malgrado a distância, nunca deixei de pensar em
Curitiba.
O eterno
retorno, um dos conceitos mais obscuros de Nietzsche, trata das repetições que
ocorrem no universo e, mais humanamente, em nossas vidas (algumas vezes percebidas
por nós como produtos do acaso, do destino ou até mesmo da própria escolha). O
importante é a aceitação dessa inexorabilidade, que o filósofo chamou de amor fati.
Por
que faço acima uma referência à filosofia nietzschiana? Certamente, para
justificar o fato de que retornei para Curitiba há dez dias.
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