Hoje
é o Dia do Índio e o Dia do Exército Brasileiro. O primeiro foi instituído por
Getúlio Vargas em 1943, tendo como referência histórica o dia 19 de abril de
1940, quando ocorreu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano no México.
O segundo foi decretado por Itamar
Franco em 1994, com base no dia 19 de abril de 1648, data da 1ª Batalha dos
Guararapes (Grande Recife), em que brancos, negros e índios lutaram contra os
invasores holandeses. Nos Estados Unidos, certamente, o Dia do Exército
Estadunidense não poderia coincidir com o Dia do Índio, por constituir uma
contradição absurda. À exceção de Little Bighorn (1876), lá o exército
massacrava os chamados peles-vermelhas. No Brasil, onde o Dia da Árvore e o Dia
do Fazendeiro são comemorados no mesmo dia 21 de setembro, o Exército
Brasileiro nunca foi empregado para combater índios. Os farrapos do sul e os
esfarrapados de Canudos não eram índios. O conhecedor de nossa história,
todavia, há de fazer algumas observações pertinentes. É correto buscar em 1648
um sentimento de brasilidade, em razão de brancos, negros e índios terem se
unido para expulsar invasores? Se em Guararapes se fincam as raízes do nosso
exército, onde estaria o caule (ou as próprias raízes) um século e pouco mais
tarde, por ocasião da Guerra Guaranítica? A causa desse conflito violento era a
expulsão dos índios de suas terras (em decorrência de um tratado político entre
Espanha e Portugal). Nessa época, posterior a Guararapes, não havia um exército
brasileiro. O Brasil ainda não passava de uma colônia portuguesa. Nossa
independência aconteceria quase um século mais tarde. No massacre aos guaranis,
cujo líder era Sepé Tiaraju até Caiboaté Grande (São Gabriel), o exército
português compunha-se de brancos e negros (negros escravos, é claro). Mas a
maioria dos brasileiros não é conhecedora de nossa história. Viva o Dia do
Índio! Viva o Dia do Exército!
(Texto publicado no Expresso Ilustrado de hoje.)
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