sexta-feira, 19 de abril de 2013

DIA DO ÍNDIO E DIA DO EXÉRCITO



Hoje é o Dia do Índio e o Dia do Exército Brasileiro. O primeiro foi instituído por Getúlio Vargas em 1943, tendo como referência histórica o dia 19 de abril de 1940, quando ocorreu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano no México. O  segundo foi decretado por Itamar Franco em 1994, com base no dia 19 de abril de 1648, data da 1ª Batalha dos Guararapes (Grande Recife), em que brancos, negros e índios lutaram contra os invasores holandeses. Nos Estados Unidos, certamente, o Dia do Exército Estadunidense não poderia coincidir com o Dia do Índio, por constituir uma contradição absurda. À exceção de Little Bighorn (1876), lá o exército massacrava os chamados peles-vermelhas. No Brasil, onde o Dia da Árvore e o Dia do Fazendeiro são comemorados no mesmo dia 21 de setembro, o Exército Brasileiro nunca foi empregado para combater índios. Os farrapos do sul e os esfarrapados de Canudos não eram índios. O conhecedor de nossa história, todavia, há de fazer algumas observações pertinentes. É correto buscar em 1648 um sentimento de brasilidade, em razão de brancos, negros e índios terem se unido para expulsar invasores? Se em Guararapes se fincam as raízes do nosso exército, onde estaria o caule (ou as próprias raízes) um século e pouco mais tarde, por ocasião da Guerra Guaranítica? A causa desse conflito violento era a expulsão dos índios de suas terras (em decorrência de um tratado político entre Espanha e Portugal). Nessa época, posterior a Guararapes, não havia um exército brasileiro. O Brasil ainda não passava de uma colônia portuguesa. Nossa independência aconteceria quase um século mais tarde. No massacre aos guaranis, cujo líder era Sepé Tiaraju até Caiboaté Grande (São Gabriel), o exército português compunha-se de brancos e negros (negros escravos, é claro). Mas a maioria dos brasileiros não é conhecedora de nossa história. Viva o Dia do Índio! Viva o Dia do Exército!
(Texto publicado no Expresso Ilustrado de hoje.) 

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