Nunca imitarei Américo Pisca-Pisca, aquele personagem de Monteiro Lobato que pensava reformar a natureza, o mundo. O conhecimento prévio me impede de querer abóboras no lugar de jabuticabas. Mesmo não sendo um mundo maravilhoso, em vista de fenômenos indesejáveis, é o único de que dispomos para viver. A forma como vivemos nele pode ser melhorada, digo, deve ser melhorada. Os grandes idealistas me passaram a ideia de que a humanidade evolui continuamente para um estágio superior. A maioria dos homens ainda acredita nisso, embora atue no sentido contrário. A percepção dessa realidade me forçou a romper com velhos paradigmas. Com a liberdade intelectual, meu ceticismo se desenvolveu, tornando-me um rortiano*, "do contra". Por isso, meu discurso é impopular e, vez ou outra, tem recebido ataques. Basta contrariar o senso comum, como o (in)feliz que voltou à caverna da alegoria platônica para contar aos ex-companheiros sobre a luminosa experiência vivida fora. Certos comentários postados anonimamente neste blogue me permitem dizer que muitos de meus contemporâneos tomam as sombras dentro da caverna como realidade. Não imitarei Américo Pisca-Pisca, mas nada me impede de baixar a lenha (ainda que provoque certos estudantes de Direito da URI).
* Derivado de (Richard) Rorty, um dos mais brilhantes filósofos pragmáticos do século XX.
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