Caio
Fernando Abreu referiu-se carinhosamente a Santiago como Passo da Guanxuma. Assim ele se expressou na crônica belíssima Raiz no Pampa, cuja motivação foi a ida
à Terra dos Poetas para a inauguração de sua foto na galeria dos escritores
santiaguenses no Centro Cultural.
Antes de querer imitar Caio, também
atribuo um nome afetivo para o lugar em que nasci e para onde retorno com
frequência: Rincão. A primeira
referência topográfica foi Rincão dos Machado,
depois rincão apenas, que designa ainda
o rincão e Santiago ao mesmo tempo. À medida que me afasto do rincão terrunho,
conduzido pelos móveis universais da cultura, mais necessidade tenho de
retornar a ele (para beber de sua água).
O rincão já foi o universo inteiro
durante minha infância. Eu pertencia a ele em toda minha pequenez, não
determinante para ignorar a beleza que o constituía naturalmente: campos, matas,
sangas, açudes, o rio Rosário, cavalos, bois, pássaros, manhãs azuis... Com o meu
crescimento e, consequente, partida para mundos maiores, o rincão migrou para
dentro de mim (a aumentar sua dimensão afetiva com a distância).
Hoje deixo Curitiba rumo à minha
Santiago, onde devo lançar Claro &
Profundo – Poemas Reunidos na XXI Feira do Livro (no dia 9 de novembro, às
19 horas). Depois de 25 anos, viajo de ônibus outra vez, para curtir a alegria
do retorno mais demoradamente (como o fazia em minha juventude).
O rincão dentro de mim é poesia, uma
metáfora que me remete à realidade de um lugar, ao qual ainda pertenço de certa
forma. Esse voltar a Santiago, como escreveu Caio, é “um assunto espiritual”.
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