A Livraria Saraiva do Shopping Mueller –
o mais antigo centro de compras em Curitiba – acaba de fechar suas portas. A
empresa anunciou o mesmo destino para outras dezenove lojas em lugares
diferentes do Brasil.
A despeito de ser uma surpresa
desagradável para mim (seu cliente assíduo), o fato era previsível em razão do
movimento escasso dentro da loja. Mais livrarias desta capital, diga-se de
passagem, resistem ao fechamento (imposto pelas leis básicas do mercado) a
muito custo.
A queda na venda do livro não é de hoje,
já possui um histórico dentro e fora do país. Em Porto Alegre, por exemplo,
livrarias conhecidas deixam de existir desde o século passado (como a Globo).
Nas duas viagens que fiz a Buenos Aires, observei um vazio estranho dentro dos
endereços tradicionais (como a Librería de Ávila, a mais antiga da América). El
Ateneu é uma exceção, transformada em ponto turístico em vista de sua beleza e
do café (no palco do teatro antigo Gran Splendid).
A crise econômica (aqui e lá) atinge a
cultura de um modo geral, não apenas editoras e livrarias. Outras causas são
determinantes, todavia, para a depressão
do mercado livreiro.
A mais relevante delas é evidente no
fato de que as pessoas leem qualitativamente menos, malgrado o letramento digital. O número de
retiradas nas bibliotecas públicas é cada vez menor (coerente com a diminuição
de clientes nas livrarias). Por que a menor recorrência aos livros,
repositórios inigualáveis do conhecimento estabelecido pelos cientistas e pensadores
de todos os tempos?
As tecnologias da chamada Terceira
Revolução Industrial, como PCs, Smartphones, Wi-Fi, 3G e 4G Wireless, por um
lado, possibilitam o acesso aos conhecimentos disponíveis na Internet, por
outro, no entanto, usurpam o tempo antes destinado à leitura de impressos, como
livros, revistas e jornais. Notadamente as redes sociais, com seu poder
açambarcante, não contribuem para a evolução intelectual de seus usuários. A
prova disso vem sendo sistematicamente verificada nos últimos anos, a cada
exame realizado em âmbito nacional.
A propósito, sem retomar a necessidade
de leitura de obras científicas, filosóficas ou literárias, todo programa
educacional está fadado ao fracasso. O aluno deve ler mais, o professor deve
ler mais, a sociedade deve ler mais. Infelizmente, a realidade parece zombar
dessa imposição (inclusive com o fechamento de livrarias).
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