Nos
últimos anos, venho fazendo as melhores leituras da minha vida. Não poderia ser
diferente, levando-se em conta a evolução intelectual a que me submeto ao dialogar com grandes pensadores
contemporâneos. O texto científico me causa tanta fruição quanto o filosófico e
o literário, porque vejo com olhos iguais a verdade e a beleza.
Entre
os autores que mais me exigem atenção, cito os seguintes: Richard Dawkins, Sam
Harris, Jared Diamond, Yuval Harari, Luk Ferry, Daniel Dennett, Edgar Morin, André
Comte-Sponville, Michel Onfray e Zygmunt Bauman. Não abandonei aqueles que
despertaram em mim o gosto pelo conhecimento (no princípio dos anos oitenta):
Friedrich Nietzsche, Charles Darwin, Sigmund Freud, Bertrand Russel, J. Krishnamurti,
Erich Fromm e outros. Esses grandes revolucionários continuam sendo
imprescindíveis para uma melhor compreensão da realidade.
Por
que gosto muito de Zygmunt Bauman? O pensador polonês disserta sobre assuntos
atualíssimos, sobre problemas de um planeta “negativamente globalizado”, que
não mais admitem soluções locais. Leio Bauman, porque ele critica nossa
sociedade, altamente consumista, a qual confunde felicidade com essa corrida
frenética atrás das coisas. Leio Bauman, porque ele percebe claramente o fim do
espírito sociável e sua antípoda nefasta, o individualismo radical. Leio
Bauman, porque ele se debruça sobre a ética, certamente o campo mais fecundo e
ao mesmo tempo necessário da filosofia prática. Leio Bauman, porque ele se
adianta às minhas reflexões.
Ontem
concluí a leitura de Tempos líquidos,
o décimo livro do sociólogo (e filósofo) polonês a enriquecer minha estante. Nele
é questionada a falta de segurança que assombra a modernidade líquida, a qual
ainda alimenta quixotescamente uma “guerra contra o terrorismo”. Outro capítulo
é destinado a analisar o paradoxo do capitalismo, que extrai sua energia vital
da remoção de ativos, “asset stripping”, como uma cobra que se alimenta do
próprio rabo. Em seguida, escreve sua a evolução da democracia, a luta contínua
para associar direitos sociais a direitos políticos. O último capítulo, A utopia na era da incerteza, o autor
constata que “você já não espera seriamente fazer do mundo um lugar melhor para
se viver”, “a insegurança veio para ficar”.
O
laboratório em que Bauman elabora seu pensamento é o mesmo que disponho aqui e
agora. Para acessá-lo, basta ir até a janela deste apartamento e observar o
movimento de pessoas e automóveis lá embaixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário