
OOOOUma das lições de suma importância que os homens poderiam aprender com a História refere-se ao poder, mais especificamente ao poder que se institui politicamente em todas as ambitudes. Os estudos acerca de civilizações, impérios, reinos, países, províncias, cidades e agremiações diversas esclarecem que o poder é de uma instabilidade ziguezagueante entre o zero absoluto e o ponto que se projeta indefinido num determinado plano social. Quanto mais alto ou mais amplo (no âmbito da família, da associação de bairro, do partido, do Estado etc.), maior significa a queda. Os impérios ilustram melhor a regra. Eles desabaram por razões inerentes a sua própria grandeza, não sendo condicional o fator externo muitas vezes. O sonho de Nabucodonosor, com um gigante de ouro e pés de barro, constitui uma imagem sugestiva do que foram (e são) esses impérios. As “torres gêmeas”, em Nova York, tinham a altura e a arrogância do império que representavam. Por isso se transformaram num dos alvos escolhidos pelos terroristas, cuja “pedra” certeira causou uma pequena ferida nos pés de barro desse gigante norte-americano (que não escapará do desígnio histórico). A economia, que poderia ser vista como a “cabeça de ouro” no esplendor de seu desenvolvimento, paulatinamente se transforma na sustentação mais vulnerável desse poder. O inimigo, ou a causa da queda inexorável, encontra-se dentro da própria estrutura do poder.
OOOONos anos noventa, escrevi um artigo sobre o crescimento do Partido dos Trabalhadores no Brasil. Antes de Luís Inácio da Silva vencer a primeira eleição para presidente. O título era meio profético: A hidra autofágica. Em pleno segundo mandato do Presidente Lula, com perspectivas claras de eleger seu substituto, ainda é cedo para dizer que o PT ruma para o ângulo reentrante da linha em ziguezague do poder. O primeiro tentáculo autofágico, com o nome de mensalão, foi seccionado a quatro mãos, de comum acordo, sem heroísmos. Outros de menor estrutura sofreram o pronto combate. Atualmente, o vazamento de um dossiê de dentro da Casa Civil demonstra a coerência da minha metáfora. O pior de todos os tentáculos, o mais nefasto para o PT, nasce com um aspecto que afeta a sempre delicada e romântica democracia: o autoritarismo. Mesmo que Lula seja vitorioso em 2014, a autofagia é inevitável. O país não sofrerá com isso, uma vez que seu desenvolvimento não depende inteiramente dos homens que se alternam no poder.
OOOOUma das lições que a História ensinaria aos homens é de que o poder não pode ser exercido com arrogância. Cedo ou tarde, o gigante acaba desprotegendo seus pés de barro.
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(Texto escrito hoje para a revista A Hora)
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