terça-feira, 24 de julho de 2007
ALEGORIA DA CAVERNA (esboço para a coluna do Expresso Ilustrado)
A República é uma das melhores obras produzidas em todos os tempos, não obstante os vinte e quatro séculos que nos separam de Platão – filósofo grego que exerceria uma influência ainda não exaurida sobre a civilização ocidental. O livro traz um diálogo entre os personagens Sócrates e Glauco. Como ilustração da diferença que há entre a ignorância e o conhecimento (ou instrução), Sócrates pede para seu interlocutor imaginar homens morando dentro de uma caverna. Eles se encontram acorrentados, forçados a ver somente sombras na parede do fundo da caverna. Não sabem que, às suas costas, há uma estrada por onde passam outros homens transportando objetos. Projetadas por uma fogueira, tais sombras são vistas como reais. O que acontece, pergunta Sócrates, se um dos prisioneiros é libertado de sua ignorância. A luz fora da caverna o ofuscará por um instante, impedindo-o de ver as coisas como realmente são (não a sombra delas). Ao lembrar da primeira morada, lamentará por aqueles que continuam a viver no cativeiro. Se ele voltar à caverna, além de ficar com os olhos cegos pelas trevas, conseguirá convencer os demais de que a realidade é outra? Ao longo da Idade Média, as sombras mais definidas significavam o preconceito, a superstição e o dogmatismo religiosos. Aqueles que se libertavam dos grilhões da Igreja, iluminados por idéias filosóficas ou científicas, eram queimados em praça pública. Hoje, sob muitos aspectos, a maioria dos homens continua a viver dentro de uma caverna, mantida nas correntes pelo Estado todo poderoso. A educação proporcionada por este não consegue conduzir à liberdade (onde refulge a luz do saber). Pudera! Um Estado corrompido pelos próprios políticos que o constituem, bem diferente do que idealizara Platão.
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