Não suporto ouvir que falem mal das ciências, uma vez que elas não respondem todas as indagações do senso comum. Algumas vezes, quando respondem, acabam indo de encontro às crenças e aos preconceitos que vicejam no mundo todo. A ecologia está na berlinda, ditando moda, inclusive. Entre as questões dessa nova ciência, o cuidado com a água se coloca como uma das mais pertinentes. O maltrato com o líquido se deve, em grande parte, pela consagração de um equívoco editado em todos os livros didáticos, ensinado pelos professores, veiculado pelos meios de comunicação e defendido por muitos ecologistas de “meia tigela”. O que sempre foi falado acerca da existência da água? Existe mais água do que terra em todo o planeta, numa proporção de quase três partes por uma. Tamanha quantidade de água sempre funcionou como uma reserva para todo desperdício e sujidade, usando-se os rios, lagos, mares e oceanos como transporte ou depósito do pior lixo produzido pelo homem. Não é uma visão superficial (para não chamá-la de ilusão óptica) que deve fundamentar o dado correto, mas um corte vertical e em profundidade. Toda a água existente não passa de uma finíssima camada que preenche as depressões do planeta, de onde sobressaem as terras continentais. Abaixo dessa película doce e salgada, tudo mais é sólido, constituindo a crosta (que, por sua vez, flutua sobre outro estado da matéria). Dito de uma forma diferente, a quantidade de água é mensurável, finita, capaz de ser afetada pelas ações poluidoras do homem. Não me refiro apenas à potabilidade da água, viés que denuncia um antropocentrismo nefasto, mas ao ambiente que ela representa, habitat para um número incalculável de espécies. Essas coisas não preocupam o senso comum, cujo caráter anticientífico traz o ranço da tradição judaico-cristã. (Gostei tanto desse texto que o publicarei na próxima edição do Expresso)
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