Fotografia que faz parte de exposição de Vânia Toledo na Pinacoteca mostra o cantor Cazuza (à frente), morto em 1990. O site poderia ter ampliado a matéria, identificando Caio Abreu (atrás do cantor).

Ontem aconteceu o lançamento de dois livros no Centro Cultural de Santiago: Felicidade além da vida, de Lília Doleys Soares: e Mais que uma vida, de Helsino da Silva Soares. O primeiro, de contos, marca a estréia de uma escritora que apresenta uma das grandes qualidades para esse gênero literário: a imaginação. Muito interessante a ilustração do livro: paisagens do interior em aquarela de Volney Sant'Ana (como a editada neste post). O segundo, trata-se de uma narrativa memorialista, autobiogáfica, cujo autor já completou 84 anos.
Concluí hoje a leitura desse livro, resultado de um seminário promovido pelo Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Com organização de Zaia Brandão, doutora em Educação, excelentes textos de Pedro Benjamim Garcia, Danilo Marcondes, Alícia Catalano de Bonamino, Tania Dauster, Maria Apparecida Mamede Neves e Ana Waleska Pollo Mendonça. Mestres e doutores. Estou me preparando intelectualmente para uma palestra na UNOPAR (em setembro). O título é sugestivo: O paradigma da (a)normalidade.
Não suporto ouvir que falem mal das ciências, uma vez que elas não respondem todas as indagações do senso comum. Algumas vezes, quando respondem, acabam indo de encontro às crenças e aos preconceitos que vicejam no mundo todo. A ecologia está na berlinda, ditando moda, inclusive. Entre as questões dessa nova ciência, o cuidado com a água se coloca como uma das mais pertinentes. O maltrato com o líquido se deve, em grande parte, pela consagração de um equívoco editado em todos os livros didáticos, ensinado pelos professores, veiculado pelos meios de comunicação e defendido por muitos ecologistas de “meia tigela”. O que sempre foi falado acerca da existência da água? Existe mais água do que terra em todo o planeta, numa proporção de quase três partes por uma. Tamanha quantidade de água sempre funcionou como uma reserva para todo desperdício e sujidade, usando-se os rios, lagos, mares e oceanos como transporte ou depósito do pior lixo produzido pelo homem. Não é uma visão superficial (para não chamá-la de ilusão óptica) que deve fundamentar o dado correto, mas um corte vertical e em profundidade. Toda a água existente não passa de uma finíssima camada que preenche as depressões do planeta, de onde sobressaem as terras continentais. Abaixo dessa película doce e salgada, tudo mais é sólido, constituindo a crosta (que, por sua vez, flutua sobre outro estado da matéria). Dito de uma forma diferente, a quantidade de água é mensurável, finita, capaz de ser afetada pelas ações poluidoras do homem. Não me refiro apenas à potabilidade da água, viés que denuncia um antropocentrismo nefasto, mas ao ambiente que ela representa, habitat para um número incalculável de espécies. Essas coisas não preocupam o senso comum, cujo caráter anticientífico traz o ranço da tradição judaico-cristã. 
Neste sábado, ocorreu o lançamento do livro do Oracy Dornelles, Páginas impossíveis. O auditório do Centro Cultural estava quase lotado para a solenidade simples e extraordinária ao mesmo tempo. Simples, porque sem o trabalho midiático, sem os holofotes, sem as atrações mercadológicas que, via de regra, acompanham outros eventos. Extraordinária, porque trata de uma realização intelectual, de rara ocorrência numa terra em que a cultura preponderante é a agrícola. Como leitor, escritor, ligado nas letras, vejo apenas singularidade no lançamento desta noite.

